FONTE: *** Maria Júlia Marques, Do UOL, em São Paulo, (http://estilo.uol.com.br).
No café da manhã é difícil resistir ao pão com
margarina, na hora do cinema a vontade de colocar manteiga na pipoca.... Não há
dúvidas que as duas são saborosas, mas em excesso não saudáveis. Responder qual
delas é melhor para a saúde não é tão simples assim, então vamos por partes.
Qual é a diferença entre as duas?
A manteiga é de origem animal. Nada mais do que a
nata do leite batida, que vira um creme de leite com soro e glóbulos de
gordura. A parte líquida é retirada e a parte gordurosa é a manteiga, rica em
gorduras saturadas e colesterol.
Já a margarina é de origem vegetal, feita da hidrogenação
de óleos vegetais como de milho ou girassol. Nesse processo, uma parte das
gorduras insaturadas (mais saudáveis do que as saturadas) da receita se
transforma em gordura trans. Este tipo de gordura é pouco comum na natureza,
mas costuma ser feito pela indústria para dar cremosidade aos produtos e
aumentar a duração. Detalhe, é possível ter um pouco de gordura saturada
também.
E vale lembrar que, por serem cheias de gorduras,
tanto a manteiga e a margarina são calóricas.
Mas, primeiro, temos que entender que gordura não é
sempre ruim para o corpo. O nosso organismo precisa da gordura para, por
exemplo, absorver vitaminas como a A, B e K.
Pensando nos benefícios da gordura, nutricionistas
dizem que a saturada tem certo potencial para nossa saúde. E por ser de origem
animal ela é reconhecida por nosso corpo e digerida com maior facilidade.
A gordura saturada também contém ácidos graxos de
qualidade, como o ácido butírico, que é utilizado com frequência para reduzir
inflamações do sistema digestivo.
Mas não podemos afirmar que esta é a melhor gordura
para o organismo. Ela também pode aumentar tanto o colesterol ruim quanto o
bom, e pode acumular nas paredes das artérias, situação que favorece o
entupimento e doenças cardíacas com o infarto.
Porém, nem os cientistas conseguem entrar em um
acordo se a gordura saturada é maléfica ou não.
Quer ter ideia da polêmica? Um estudo publicado no
periódico BMJ em 2016 afirmou que o consumo de gordura
saturada aumenta o risco de danos nos vasos sanguíneos do coração. Um ano antes, uma pesquisa
divulgada no mesmo jornal científico mostrou que a gordura saturada não
está associada ao aumento de morte, doenças cardíacas, acidentes vasculares
cerebrais ou diabete tipo 2, e afirmou ainda que a gorduras trans é ligada ao maior risco de morte
e doença arteriais.
No
processo de fabricação da margarina, a ligação da molécula de gordura é
alterada, muda de formato e, por passar por essa transformação, recebe o
apelido de “trans”.
Sendo de origem vegetal e quimicamente alterada,
ela aumenta a dificuldade do corpo em sintetizá-la, e já fica para trás da
manteiga. Nosso organismo não está preparado para lidar com esse tipo de
gordura e ela pode acumular nos vasos sanguíneos ou em órgãos importantes como
o fígado.
Além disso, a gordura trans aumenta o colesterol
ruim e diminuiu o colesterol bom, potencializando as chances de inflamação no
corpo e os riscos cardiovasculares.
Notando a desconfiança dos consumidores, a
indústria resolveu criar um processo que tirasse a gordura trans da margarina,
chamado de interesterificação. Assim, o produto ficou livre de gorduras trans
ou saturadas e a taxa de gorduras totais pode chegar a zero.
Esses produtos costumam ser mais caros, mais
cremosos e podem ter até um selo de aprovação da Sociedade Brasileira de
Cardiologia.
A
manteiga foi a vencedora entre as nutricionistas consultadas pela reportagem.
Por ser produzida de forma natural e ser melhor digerida pelo corpo, ela é uma
opção mais saudável --desde que seja consumida com moderação, por quem não tem
problemas de colesterol. No entanto, apenas uma colher de chá por dia é a
medida ideal.
Caso você seja diagnosticado com doenças cardíacas
ou colesterol, a melhor opção é a margarina sem gordura trans. Assim, mesmo o
produto sendo artificial e de origem vegetal, você não corre nenhum risco de
agravar suas condições de saúde.
Tente sempre deixar a margarina com gordura trans
em último caso. Não teve jeito, sua receita só fica boa com ela? Não tem
problema. Controlar as quantidades, não abusar do consumo e ter uma boa
alimentação para equilibrar o organismo vão garantir que nada grave aconteça se
você comer um pãozinho com margarina vez ou outra.
*** Fontes: Rosana Perim, gerente de Nutrição do Hospital do Coração, Angélica Maurício, professora doutora em alimentos e nutrição da UFPR (Universidade Federal do Paraná), e Letícia Fontes, nutróloga da clínica Medicina Integrativa, em São Paulo.
*** Fontes: Rosana Perim, gerente de Nutrição do Hospital do Coração, Angélica Maurício, professora doutora em alimentos e nutrição da UFPR (Universidade Federal do Paraná), e Letícia Fontes, nutróloga da clínica Medicina Integrativa, em São Paulo.
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