Número de óbitos envolvendo motos passou de 98 para 689, em 15 anos;
dados serão apresentados em congresso.
O número de mortes de motociclistas em acidentes de trânsito ultrapassou
o de óbitos envolvendo ocupantes de carros na Bahia. Segundo dados obtidos pelo
CORREIO, a taxa de mortes por 100 mil habitantes no estado também subiu de
0,7, em 2000, para 4,5, em 2015. As informações são da terceira edição do Atlas
do Trânsito, divulgado na sexta-feira (15), durante o 12º Congresso de Medicina
do Tráfego, que acontece em Costa do Sauípe, no município de Mata de São
João, Litoral Norte do estado.
Em
2000, foram 98 motociclistas mortos no trânsito e 535 vítimas fatais que
estavam em carros. Já em 2015, 689 dos óbitos foram de pessoas em motos e 663
de quem estava em carros. Os dados oficiais são do Sistema de Informação de
Mortalidade, do Ministério da Saúde.
O
atlas faz uma análise das taxas de mortalidade, dos acidentes de trânsito com
vítimas e internações nos hospitais por estados e regiões. O estudo é elaborado
pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), e a edição
anterior havia sido publicada em 2013.
Segundo
o presidente da Abramet, Antônio Meira Junior, as facilidades para compra de
motos foi um dos principais fatores para aumentar o fluxo desses veículos nas
ruas e, consequentemente, o aumento de acidentes e mortes.
A
quantidade de motos no país passou de 4 milhões, em 2000, para 25,3 milhões, 15
anos depois. Um crescimento de mais de 500%.
“A gente sabe que a
motocicleta é um meio de transporte barato, acessível, que a população pode
comprar. Tem vários financiamentos, um gasto de combustível menor, e mais fácil
de se locomover. Mas esse barato da moto sai muito caro para a sociedade como
um todo, com prejuízos e mortes”,
observa Meira.
Além
das mortes, ele também lembra que as internações médicas também registraram aumento.
Na Bahia, a taxa de internações por vítimas de acidentes de trânsito foi de
64,5 em 2015. Apesar disso, é considerada uma das menores do país, atrás apenas
de Amazonas (26,5), Rio Grande do Sul (43,2), Mato Grosso do Sul (55,6) e Rio
de Janeiro (58).
“O
gasto e prejuízo é muito grande. Mais de 50% dos leitos nos hospitais com
vítimas de acidentes de trânsito são de vítimas de motociclistas”, pontua
Meira.
Notificação.
Além dos dados, o congresso também vai discutir as dificuldades em unificar os dados referentes aos acidentes de trânsito, já que não existe a notificação compulsória das ocorrências quando as vítimas são atendidas em hospitais.
Além dos dados, o congresso também vai discutir as dificuldades em unificar os dados referentes aos acidentes de trânsito, já que não existe a notificação compulsória das ocorrências quando as vítimas são atendidas em hospitais.
“Os órgãos de trânsito
são muito específicos, só têm alguns cadastros, têm dados de mortos, de
acidentes, mas não têm como ter acesso ao hospital para ter o número de mortes.
Por isso que os dados do Ministério da Saúde são mais confiáveis, porque tem
tudo registrado de acordo com o sistema de saúde do país”, explica o presidente da Abramet.
Ainda
de acordo com Meira, um dos objetivos é tentar unificar os dados até para
ajudar na gestão do trânsito nas cidades. “Para saber o que está acontecendo,
ver onde tem maiores taxas de mortalidade para ajudar na gestão pública”,
explica.
O
congresso acontece até o próximo domingo na Costa do Sauípe. O ministro da
Saúde, Ricardo Barros, confirmou presença no evento. De acordo com a assessoria
da pasta, serão apresentados dados referentes ao trânsito no Brasil.
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