A
gordura gera muitas dúvidas na hora do preparo e consumo dos alimentos,
especialmente quando o assunto é banha de porco. Afinal, ela faz bem ou mal
para a saúde? Primeiro, é preciso entender que as gorduras são essenciais para
o organismo, mesmo se você está de dieta. Toda alimentação saudável e
balanceada deve conter 30% do teor calórico total em gorduras, já que elas
contribuem para o processo de produção dos hormônios, transporte de vitaminas e
também ajudam a gerar energia.
Porém,
o maior questionamento que surge em nossas cabeças é: "Qual o tipo de
gordura que eu devo consumir?". As gorduras saturadas são totalmente
contraindicadas por médicos, sendo associadas ao aumento de doenças
cardiovasculares. Já as gorduras insaturadas fazem o papel de guardião,
protegendo o coração e prevenindo outros processos inflamatórios.
Nesse
sentido, a banha de porco, um alimento (polêmico) rico em gorduras saturadas,
voltou a ser usada de maneira cada vez mais frequente. "Banha de porco
nada mais é que a gordura do porco que pode atingir, ao contrário da maior
parte das outras gorduras, altas temperaturas sem a liberação de compostos
tóxicos, sendo uma opção muito mais saudável para o preparo de alimentos",
comentou a nutróloga Dra. Gisele Wernek.
Antigamente,
a banha de porco era muito usada pela população, por ser uma opção mais barata
que os óleos vegetais, podendo ser usada no preparo de diversas refeições.
Porém, a indústria passou a investir em outros tipos de óleos vegetais com um
preço mais acessível e menor teor de gorduras saturadas e colesterol, fazendo
com que a gordura animal fosse desaparecendo das casas dos brasileiros.
Apesar
de ser muito criticada, a banha possui também gorduras boas. Mesmo tendo
aproximadamente 40% de gordura saturada, o resto de sua composição é dividido
em gorduras monoinsaturada e poli-insaturada, "que são gorduras
recomendadas hoje em dia por não elevarem os níveis de colesterol plasmático ou
até por ajudarem a reduzir a fração LDL do colesterol (o colesterol ruim, que
está envolvido na formação de placa de ateroma). Assim, a banha de porco não
pode ser classificada como totalmente má, ela é quase metade de cada tipo de
gordura", revelou Mariana Maciel, nutricionista da rede de centros médicos
dr.consulta. "Em cada 100g de banha há 88.7g de gordura, sendo 32.2g de
gordura saturada, 42g de gordura monoinsaturada e 10.3g de gordura
poli-insaturada", completa a especialista.
Por
muito tempo, as gorduras saturadas foram tidas como as principais vilãs para as
doenças cardiovasculares. "Baseado no fato de termos reduzido demais a
ingestão das gorduras animais (e usado as gorduras vegetais) nos últimos anos,
não se verificou a diminuição da prevalência de doenças cardíacas. Na
realidade, essa colocação é verdadeira, porém devemos levar em consideração
outras modificações nos hábitos e estilo de vida da população, que também se
relacionam com o desenvolvimento de tais doenças", afirmou Mariana.
"Isso
ainda vai ser muito discutido e pesquisado no campo da medicina e da nutrição,
mas o fato é que as sociedades de classe, baseadas em revisões cientificas
cuidadosas, ainda se mantêm firmes na recomendação de diminuir a ingestão de
gorduras saturadas, substituindo-as pelas insaturadas. Esse é o posicionamento
da Sociedade Brasileira de Cardiologia, por exemplo", completou a
nutricionista.
Entretanto,
alguns pesquisadores e médicos acreditam que talvez a banha de porco não seja
tão ruim. "Quando utilizada com moderação, pelo seu potencial para
aumentar o HDL e poder antioxidante, consegue proteger nossas artérias e vasos,
minimizando o risco de doenças cardiovasculares", relatou Dra. Gisele
Wernek.
Como
qualquer outro alimento, a banha de porco deve ser consumida sem exagero,
podendo assim proporcionar alguns benefícios à saúde, já que contém vitamina A,
vitamina C, vitaminas do complexo B, Folato, colina e betaína.
Quando
falamos em substituições é muito difícil dizer que a banha de porco pode ser
usada no lugar de óleos vegetais, pois existem opções com nutrientes e
benefícios melhores, então é importante que, antes de qualquer mudança, seja
feita essa comparação. Segundo a nutricionista Mariana Maciel, existem óleos
vegetais que possuem mais gorduras insaturadas do que a banha de porco, sendo
mais interessantes, mas também existem óleos vegetais com perfil lipídico pior
do que a banha.
Como
utilizar a banha de porco.
A
banha de porco pode ser produzida a partir de qualquer parte do porco, desde
que exista uma elevada concentração de tecido adiposo. O mais comum é vir da
gordura visceral que envolve os rins e no interior do lombo. De acordo com a
nutróloga Gisele Wernerk, a melhor banha é obtida a partir de toucinho, gordura
subcutânea: entre a pele e músculo do porco.
Essa
gordura é utilizada no preparo de alimentos, sendo vantajosa por não liberar
toxinas quando aquecida e ter um sabor neutro. "A banha de porco tem pouco
sabor específico, tornando-a ideal para uso em produtos de panificação, sendo
valorizada no preparo de massas de torta", afirmou Gisele.
Modo
de preparar.
Para
se obter a banha do porco é preciso levar ao fogo a gordura do porco ainda crua
e em fogo muito baixo ir derretendo lentamente. Após 20 ou 30 minutos no fogo,
a gordura já estará derretida e densa, podendo ser utilizada em qualquer tipo
de preparo culinário.
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