O professor Bruno
Campos Janegitz, da Universidade Federal de São Carlos, conquistou menção
honrosa na 13ª edição do prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia pelo
desenvolvimento de um sensor eletroquímico de DNA que detecta a predisposição
genética ao câncer de mama. O dispositivo encontra mutações no gene BRCA1, que
estão associadas aos tumores de mama triplo-negativos. Esse tipo de câncer
ficou conhecido quando a atriz Angelina Jolie se submeteu a duas mastectomias
após ter descoberto, a partir de um exame com base no sequenciamento genético,
que teria risco de 87% de desenvolver a doença.
O sensor, patenteado
pela USP, foi testado com material genético sintético a partir de métodos
eletroquímicos. Para obter o diagnóstico de predisposição da doença, o bastão
de polímero com um condutor elétrico interno é posto em contato com uma amostra
sintética do código genético.
“O que fazemos é pegar parte desse DNA e
colocar em contato com o eletrodo. Caso haja a mutação em BRCA1, por exemplo,
as bases nitrogenadas vão formar dupla hélice com o eletrodo. Porém, se não
houver, não vai dar sinal, não vai ocorrer a formação clássica de dupla hélice
do DNA. Assim é possível identificar a predisposição para a doença a partir de
diferentes sinais eletroquímicos”, disse Janegitz à Agência FAPESP.
O pesquisador ressalta,
no entanto, que o teste indica predisposição, não a ocorrência da doença.
“Conseguimos identificar se há a alteração genética, se tem o genótipo. O
grande diferencial desse teste é ele ser muito mais barato e consequentemente
mais abrangente que o método tradicional por sequenciamento genético do
paciente”, disse.
De acordo com Janegitz,
com testes clínicos e mais pesquisa, futuramente poderemos ter um dispositivo
que detecta a predisposição de um tipo de câncer de mama a partir de um teste de
saliva ou sangue. “O custo seria de R$ 70 a R$ 80, algo bastante viável e que
poderia salvar muitas vidas.”
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