Um grupo de
pesquisadores da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade
Estadual Paulista (FCAV-Unesp), em Jaboticabal, investiga genes importantes
para a sobrevivência de bactérias da espécie Salmonella no trato
entérico de aves. O objetivo é prevenir a infecção alimentar em seres humanos.
Existem mais de 2,6 mil
sorotipos conhecidos de Salmonella. Alguns deles respondem por muitos
casos de infecção em animais e em humanos. A presença de certos sorotipos em
produtos de aves brasileiras já motivou a Europa a barrar contêineres
exportados pelo país. A legislação europeia é bastante restritiva quanto à
presença dessas bactérias.
"As salmonelas
colonizam muito bem o trato digestório das aves e podem ou não causar doenças.
Mesmo quando não afetam a galinha, podem infectar seres humanos que dela se
alimentarem", disse Angelo Berchieri Junior, professor da FCAV-Unesp,
durante palestra na Fapesp Week London, evento ocorrido nos dias 11 e 12 de
fevereiro de 2019.
Berchieri é responsável
por um projeto que vai testar o efeito da deleção dos genes ttrA e pduA em três
sorotipos de salmonela: Salmonella Enteritidis, S. Typhimurium e S.
Heidelberg.
"Escolhemos essas
três porque são frequentemente encontradas em aves e podem causar infecção
alimentar em humanos", disse Berchieri.
O pesquisador explicou
que, das três, S. Heidelberg é a menos comum em seres humanos. No
entanto, foi encontrada em cargas brasileiras de aves que não foram aceitas na
Europa. "Ela está disseminada no Brasil e pode comprometer as exportações
brasileiras", disse.
A legislação brasileira
faz menção restritiva aos sorotipos Enteritidis e Typhimurium.
Contudo, dependendo do país importador, outras salmonelas também não podem
estar presentes nos produtos avícolas exportados.
Para testar quais genes
tornam a bactéria resistente ao sistema imunológico das aves, os pesquisadores
infectam um grupo de pintinhos com a bactéria selvagem (sem modificação
genética) e outro com salmonelas que tiveram os genes deletados.
Depois, comparam nos
dois grupos a presença da bactéria nas fezes, no ceco (porção inicial do
intestino grosso), no fígado e no baço.
Ao identificar os genes
que permitem a sobrevivência da bactéria, o pesquisador é capaz de gerar
versões mutantes, que podem ser usadas como vacina. Quando o sistema imune
entrar em contato com uma variedade que não mata o animal, mas que se mantém
viva por algum tempo no organismo, é criada uma memória imune. Caso o animal
seja exposto à versão nociva da bactéria, suas defesas estarão prontas para
atacá-la.
"Conhecer e
combater os sorotipos que podem infectar aves é, portanto, fundamental para a
saúde dos consumidores e também para a balança comercial brasileira",
disse Berchieri.
*Com
informações da Agência Fapesp.
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