FONTE: Eduardo Schiavoni, Do UOL, em Americana (SP) (noticias.uol.com.br).
Internada e sem sair
do quarto há três anos no setor de cuidados paliativos do Hospital de Base de
Rio Preto (438 km de São Paulo), Rita Rosa, 54, conseguiu realizar, na
manhã desta sexta-feira (12), seu maior sonho: ver o casamento de uma de suas
filhas. Portadora de esclerose múltipla, doença degenerativa para a qual não há
cura, ela acompanhou a cerimônia, realizada na Capela da instituição, graças a
uma série de arranjos feitos pelos funcionários do hospital.
Rita, que não conta
com movimentos nos braços, nas pernas e já perdeu a parte da visão, é portadora
da doença há dez anos. Ela só respira com a ajuda de aparelhos. Apesar de todos
os problemas, Rita Rosa estava lá com seu balão de ar para testemunhar o
"sim" da filha, Juliane Rosa da Silva, 24. "Estou muito feliz,
pois ela é a primeira dos meus cinco filhos a se casar. Quero estar presente em
todas as cerimônias", disse, emocionada.
Para que Rosa pudesse
acompanhar o grande momento, Rita foi transportada de maca até a capela,
juntamente com os equipamentos de suporte à vida. "Planejamos a
transferência com antecedência para que tudo desse certo e ela estivesse
confortável, além de ficarmos monitorando a paciente o tempo todo",
afirmou a médica Ana Maria Nasser, responsável pelo setor de Cuidados
Paliativos e madrinha do casamento.
Além dos ajustes
necessários para que Rita Rosa pudesse sair do quarto, o bolo, a decoração, a
cerimonialista e o terno do noivo foram doados para a celebração. "Eu
nunca pensei em casar num hospital. Mas foi muito melhor do que eu imaginei ou
sonhei para mim, pois tive a presença da minha mãe. A festa foi perfeita",
afirmou a noiva.
Romance pela
internet.
Rita Rosa morava com a família em
Campina Verde, em Minas Gerais, até 2011, quando se mudou para São José do Rio
Preto para receber os cuidados paliativos. Em um ato de desprendimento, Juliane
resolveu acompanhar a mãe. Chegou a ficar dois anos sem emprego, até que,
incentivada por funcionários do Hospital de Base, arranjou um trabalho como
auxiliar de telemarketing em meio período.
E foi justamente a doença da mãe que
fez com que o casamento de Juliane ocorresse. Enquanto cuidava dela no
hospital, Juliane conseguiu tempo para acessar a internet e conheceu o hoje
marido, Luís Ricardo Pires, cuja família é de Urânia (610 km de São Paulo).
"Eu entrava pela rede do
hospital e o conheci aqui mesmo. Acabou que casamos onde tudo começou e com a
benção de minha mãe", disse ela, que não pretende mudar sua rotina.
"Saio do trabalho e vou para o hospital. Faço as unhas da minha mãe, leio,
cuido dela. Minha rotina é essa, e vai continuar sendo", diz.
"Foi uma cerimônia simples,
especial mesmo. Estamos começando a nossa vida e, ao mesmo tempo, dando à minha
sogra a chance de realizar o seu maior sonho. É muito especial isso",
disse o noivo Luís Pires.
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