FONTE: Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) promoveu nesta quarta (11.02) uma audiência pública para debater propostas das concessionárias de telefonia a fim de definir novas formas de cobrança para os telefones públicos – os chamados orelhões.
A ideia
é migrar dos atuais cartões indutivos – encontrados em lojas de conveniência,
bancas de jornais e padarias – para os cartões de chamadas. O novo sistema
funciona por meio de inserção de uma série de códigos.
Segundo
o superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel, José Bicalho, por
mais que as pessoas tenham adotado aparelhos celulares, os orelhões ainda são
fundamentais para boa parte da população.
“O
orelhão está presente em 40 mil localidades do país. E, em 23 mil delas, ele é
a única forma de comunicação”, disse o superintendente.
Durante
a audiência, cinco concessionárias de telecomunicações apresentaram propostas
similares visando a adoção dos novos cartões em 900 mil orelhões que operam no
Brasil. Pelo novo sistema, os cartões funcionariam com códigos para acesso a
chamadas.
As
senhas ficariam visíveis após parte da superfície do cartão ser raspada. Com
isso, além de digitar o número do telefone para o qual o usuário pretende fazer
a ligação, ele teria de digitar uma ou duas outras sequências de números.
Bicalho
admitiu que os novos cartões não trazem só benefícios. Citou o caso de pessoas
com dificuldades de visão. E acrescentou: “Esse processo pode acabar [também]
sendo mais complexo inclusive para idosos”.
Outra
mudança que está sendo estudada se refere à forma de tarifação, que hoje é mais
complexa, por meio de crédito e pulso. No atual formato é difícil para o
usuário avaliar o custo de cada ligação. Já no formato em estudo, o valor a ser
pago corresponde ao tempo exato da ligação.
O atual
sistema tem outra dificuldade: por terem margem baixa de lucro, muitas lojas
comerciais deixaram de ter interesse em vender os cartões. Essa dificuldade,
segundo os estudos, constitui fator de redução de demanda.
As
propostas comuns a todas concessionárias do serviços públicos de telefonia
foram apresentadas por Jorge Correia, que também representou a Oi.
Segundo
ele, o modelo de chamada que está em estudo dificultaria a prática de
sobrepreços que, no atual modelo, costuma ser observada em alguns pontos de
venda.
Na
avaliação de Correia, prova de que o usuário tem dificuldades para compreender
a atual forma de tarifação é o fato de, no sistema da Oi, se identificar o
encerramento da ligação imediatamente após o sinal sonoro do pulso.
“As
pessoas não sabem que isso significa que elas podem falar mais dois minutos sem
pagar a mais por isso”, disse ele.
“Enquanto
o cartão indutivo [em operação] é apenas físico, impossibilita promoções e é
vulnerável a fraudes e clonagens, os de chamadas [que estão em estudo] são mais
seguros e possibilitam novas formas de pagamento e de recarga de créditos. Além
disso, não será necessário mudar os atuais equipamentos”, destacou Correia. “A
mudança será apenas na rede das concessionárias”, acrescentou.
Operadoras
de menor porte, a Secomtel e a Algar acenaram com a possibilidade de o crédito
usado para os telefones públicos ser usado também em outras plataformas, como os
celulares, por exemplo.
“Claro
que o valor cobrado corresponderá à plataforma de origem. Ou seja, se for usada
no celular o valor cobrado será do celular; se for a partir do orelhão, será
cobrado o valor da ligação correspondente à do orelhão”, explicou a
representante da Algar, Mara Rúbia.
Esta
foi a última audiência pública da Anatel para discutir o assunto. No entanto, a
consulta pública ficará em aberto até o dia 9 de março.
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