O sarampo está se
espalhando pelos Estados Unidos com uma velocidade que preocupa os oficiais de
saúde, com 102 casos até agora só este ano, em pelo menos 14 estados.
A maioria das
infecções está ligada a um surto da doença que começou na Disneylândia, na
Califórnia, em dezembro, quase com certeza trazida por alguém de outro país.
Houve também alguns outros casos importados, segundo a doutora Anne Schuchat,
diretora do Centro Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias do Centro de
Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
O sarampo foi
erradicado dos Estados Unidos no ano 2000, o que significa que a infecção não
se origina mais no país. Mas, no resto do mundo, ainda há por volta de 20
milhões de casos por ano. Em 2013, cerca de 145.700 pessoas morreram por causa
de sarampo. Os viajantes podem levar o vírus para dentro dos Estados Unidos e
transmiti-lo para pessoas que não foram vacinadas.
O sarampo se
dissemina pelo ar e está entre os tipos de vírus mais contagiosos. Em epidemias
anteriores, não era incomum que um paciente fosse responsável pela infecção de
outros 20. Cerca de 90 por cento das pessoas expostas vai ficar doente (a não
ser que estejam imunes por já terem tido a doença ou terem sido vacinados). O
vírus pode ficar suspenso no ar por várias horas, por isso, é possível contrair
sarampo apenas andando em uma sala onde uma pessoa infectada passou algum
tempo. Respirar uma quantidade pequena de partículas virais já é suficiente
para a contaminação.
A doença é motivo de
preocupação porque tem a capacidade de resultar em complicações severas,
incluindo pneumonia e encefalite, que podem ser fatais. Aqueles que sobrevivem
à encefalite, correm o risco de ter danos cerebrais. O sarampo também pode
causar surdez. E mesmo sem complicações, o vírus deixa as crianças muito
doentes, com febres altas, erupções na pele e irritação nos olhos. Infecções de
ouvido dolorosas também são comuns.
Aqui vão algumas
perguntas sobre a doença e a vacina para preveni-la.
Os Estados
Unidos foram afetados de maneira particularmente dura?
Muitos países
relativamente saudáveis estão tendo surtos piores. Virtualmente toda Europa
continental está passando por um surto grande desde 2008, com mais de 30 mil
casos em vários anos.
A França, que recebe
mais turistas do que qualquer outro país, teve 15 mil casos de sarampo em 2013,
com pelo menos seis mortes. Cerca de 95 por cento dos casos eram de pessoas que
nunca haviam sido vacinadas ou não tomaram as duas doses recomendadas.
Nos Estados Unidos,
comunidades vulneráveis tiveram surtos nos últimos anos, incluindo judeus
ortodoxos, no Brooklin, e integrantes da comunidade amish de Ohio. Mas a taxa
de vacinação está relativamente baixa em algumas vizinhanças ricas e liberais.
Vashon Island, um subúrbio de Seattle, tem possivelmente o menor índice de
vacinação de todos os distritos saudáveis do país.
Quem corre
mais risco de ficar seriamente doente por causa do sarampo?
Bebês e crianças
pequenas que não foram vacinadas são os mais vulneráveis, e correm o risco de
sofrer complicações perigosas.
"Mesmo em países
desenvolvidos como os Estados Unidos, para cada mil crianças que pegam sarampo,
de uma a três morrem, mesmo com os melhores tratamentos", avisou a doutora
Anne Schuchat em uma teleconferência para a imprensa. Nos Estados Unidos, de
2001 a 2013, 20 por cento das crianças pequenas com sarampo precisaram ser
tratadas em hospitais.
Em mulheres grávidas
que nunca foram imunizadas ou que nunca tiveram sarampo, a doença aumenta a
chance de parto prematuro, abortos e nascimento com peso abaixo do normal.
Pessoas com leucemia e outras doenças que enfraquecem o sistema imunológico
também correm risco de ter problemas graves por causa do sarampo.
A melhor proteção
para grupos de alto risco, diz Anne, é que os índices de vacinação aumentem na
população em geral, assim a doença não ganha espaço e não se espalha.
A vacina
contra o sarampo é segura?
Não existe qualquer
evidência de que a vacina cause danos. Já ficou provado que a pesquisa de 1998
que ligava a vacina ao autismo era fraudulenta e ela passou por uma retratação.
Depois de tomar a vacina, as crianças podem ter uma febre baixa e passageira –
um aumento de menos de 1 C – e desenvolver brotoejas.
Quando as
crianças devem ser vacinadas contra sarampo?
Elas precisam de duas
doses, uma entre os 12 e os 15 meses de idade e outra entre quatro e seis anos,
de acordo com o CDC. As injeções combinam vacinas contra sarampo, caxumba e
rubéola.
Por que os
bebês só podem tomar a vacina depois do primeiro ano de vida?
Durante o primeiro
ano, as crianças carregam anticorpos de suas mães que podem impedir a vacina de
funcionar, por isso é melhor adiar a vacinação. Mas se existe um risco de que
ela seja exposta – por exemplo, uma viagem internacional – a primeira dose pode
ser dada aos seis meses e possivelmente trará alguma proteção. Mas esses bebês
vão precisar de mais duas doses, a segunda aos 12 meses e a terceira pelo menos
28 dias depois.
Quanto tempo
demora para a vacina começar a funcionar?
A vacina normalmente
leva de dez dias a duas semanas para começar a proteger.
Quão efetiva
é a vacina de sarampo?
R: Mais de 95 por
cento das pessoas vão ficar imunizadas depois de receber uma dose, de acordo
com o CDC. Com duas doses a eficácia atinge cerca de 97 por cento. A vacina
falha em uma pequena porcentagem de pessoas, não se sabe a razão. Uma das
causas possíveis é a sua má utilização; se ela não é mantida resfriada pode se
tornar inativa.
Quem não deve
tomar a vacina?
Mulheres grávidas,
pessoas com o sistema imunológico enfraquecido e com algumas doenças. No site
do CDC há uma lista detalhada (em inglês) das condições em que a vacina deve
ser adiada ou evitada.
Eu não sei se
já tive sarampo ou tomei a vacina. O que devo fazer?
A solução mais fácil
é ser vacinado. Mesmo que você já tenha sido, não há problema em tomar outra
dose. A vacina de sarampo é sempre dada junto com a de caxumba e a de rubéola.
Todas as pessoas
nascidas nos Estados Unidos antes de 1957 estão supostamente imunizadas contra
sarampo, porque a doença era tão comum antes da vacina que virtualmente todo
mundo já teve e se tornou imune.
É possível fazer um
exame de sangue que checa os anticorpos para o sarampo, que pode indicar se
você teve a doença ou foi vacinado e, assim, está imune. Mas para fazer o teste
é preciso ir ao médico pelo menos duas vezes e esperar pelos resultados do
laboratório. Tomar a vacina é mais simples, fácil e barato.
É seguro
esticar o calendário de vacinação para que os bebês não recebam mais de uma ou
duas vacinas de cada vez?
Alguns pais temem que
tomar várias vacinas vai sobrecarregar o sistema imunológico da criança. Mas os
especialistas em doenças infecciosas dizem que não há motivos para esticar o
calendário de vacinação ou para se preocupar com a ideia de que o sistema
imunológico da criança não conseguirá lidar com várias vacinas administradas ao
mesmo tempo.
"Quando a
criança vem para o mundo pelo canal de nascimento, seu sistema imunológico já
está sendo estimulado por todos os tipos de bactéria", explica o doutor
William Schaffner, especialista de doenças infecciosas da Universidade
Vanderbilt. "A criança está sendo estimulada constantemente, e é assim que
o sistema imunológico dos pequenos foi programado pela natureza para trabalhar
e se tornar competente."
O sistema imunológico
de uma criança pode facilmente responder a todas as vacinas dadas de acordo com
o calendário normal recomendado nos Estados Unidos, diz Schaffner.
Ele avisa que esticar
o calendário não apenas é desnecessário como pode colocar a criança em risco
por aumentar o período em que ela fica suscetível às doenças que a vacinação
pode prevenir.
As pessoas
pegam sarampo de animais?
Não, ele é uma doença
estritamente humana.
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