FONTE: SAÚDE MENTAL, , (www.noticiasaominuto.com.br).
Veja
algumas perguntas frequentes e desmistifique a esquizofrenia.
A esquizofrenia já foi retratada em diversos filmes, como Uma mente
Brilhante, sobre o matemático norte-americano John Nash; Ilha do Medo, ficção
com Leonardo DiCaprio; e o nacional O Coração da Loucura, com Gloria Pires no
papel da psiquiatra brasileira Nise da Silveira. Na televisão ganhou destaque
na novela brasileira Caminho das Índias, com um personagem interpretado por
Bruno Gagliasso. Apesar de todas essas referências, a esquizofrenia ainda é
pouco conhecida e quem tem a doença sofre também com o estigma que ela carrega.
No dia 10 de
outubro é celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental, data estabelecida pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) com a finalidade de mudar a percepção que
existe sobre as pessoas que vivem com doenças mentais. Para o Dr. Geder Grohs,
do Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina, quanto mais o assunto for
abordado de forma transparente e esclarecedora, melhor será para os pacientes
se livrarem do estigma relacionado à doença.
“Ao
incentivar discussões sobre o tema, ajudamos pacientes, familiares e o público
em geral a ter um maior entendimento sobre esquizofrenia, o que colabora na
busca pelo diagnóstico, acompanhamento e tratamento médico precoce, fatores
fundamentais para que esses pacientes tenham uma vida ativa e funcional”, diz.
A
esquizofrenia atinge em torno de 1% das pessoas e atualmente é responsável por
25% das internações psiquiátricas. A doença é considerada uma das cinco
principais causas de perda de anos de vida saudável por incapacidade (DALY),
entre os transtornos mentais e comportamentais. No Brasil, estima-se que sejam
mais de 1,6 milhão de pessoas com o transtorno, onde 81,5% destes dependem do
setor público, mas 71% não recebem tratamento regular, sofrendo recaídas
potencialmente evitáveis.
Para
conhecer mais sobre a esquizofrenia veja abaixo os cinco principais
questionamentos sobre a doença, respondidos pelo Dr. Geder Grohs, que também
desmistifica a ideia de que ainda não existe tratamento disponível eficaz:
1- É uma doença mental?
Verdade. A
esquizofrenia é um transtorno mental caracterizado por alterações
significativas no pensamento, percepção, cognição e emoções. Como na grande
maioria das doenças crônicas, a identificação dos sintomas, o diagnóstico
precoce e o tratamento adequado e contínuo são condições fundamentais para
minimizar os impactos à qualidade de vida do paciente. As causas da esquizofrenia ainda não são totalmente
conhecidas, mas os médicos acreditam que o desenvolvimento desta doença seja
causado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
2- A esquizofrenia não tem tratamento efetivo?
Mito. A
esquizofrenia é uma disfunção mental e cerebral, porém é altamente tratável.
Normalmente ela cursa com momentos de maior ou menor intensidade de alguns
sintomas e isto influencia em parte o tratamento, ou seja, se é um episódio
agudo, se o paciente está em remissão parcial dos sintomas ou em uma fase de
estabilização. Além do uso regular e continuado dos antipsicóticos diários, que
ajudam a controlar os delírios e alucinações e prevenir recaídas, há terapias
mais novas que são injetáveis que têm longa duração e a aplicação pode ser
feita mensalmente.
Esses
fatores auxiliam muito na adesão ao tratamento e contribuem não só para a
remissão dos sintomas, mas também para uma melhor reintegração à vida
profissional, social e familiar. Atualmente, um dos medicamentos deste tipo é o
palmitato de paliperidona, utilizado para tratar os sintomas da esquizofrenia
em adultos. O medicamento atua modulando os neurotransmissores dopamina e
serotonina, que estão relacionados com os sintomas "positivos" e
"negativos" da esquizofrenia.
Nos estudos
realizados com o palmitato de paliperidona, apenas 10% dos pacientes
apresentaram algum tipo de recaída. Embora não sejam diretamente comparáveis,
em outros estudos sobre o tratamento do transtorno com medicamentos orais,
pode-se observar que, em média, entre 20 e 40% dos pacientes que fazem
tratamentos orais para o controle da esquizofrenia apresentam recaídas depois
de um ano de tratamento, e aqueles que suspendem o uso de antipsicóticos
aumentam o risco de recaídas em até 5 vezes.
3- Pessoas com esquizofrenia são agressivas?
Depende.
Quem tem esquizofrenia pode ter momentos de agressividade quando está em crise,
mas sob tratamento, ou seja, fora de surto, não são pessoas violentas. A crise
ou surto se caracteriza pelos períodos em que alguns dos sintomas da doença
ficam mais evidentes. Entre os mais comuns estão os delírios persecutórios
(estar sendo perseguido por outras pessoas) e as alucinações, como por exemplo
estar ouvindo vozes, que dependendo da intensidade e natureza, pode deixar o
paciente mais agitado e agressivo.
Outros
sintomas da esquizofrenia são: perda de contato com a realidade, apatia,
incapacidade de começar e terminar atividades, discurso pobre e incoerente,
retraimento social, trajes desordenados e comportamento sem sentido.
4- Portadores de esquizofrenia não podem trabalhar?
Mito. Em
alguns casos a esquizofrenia coloca limitações, especialmente em um trabalho
com muita demanda física e emocional, mas se o paciente estiver respondendo bem
ao tratamento, atender às exigências de formação e
experiência
e sentir que tem condições de exercer esta atividade, nada o impede de ter um
trabalho formal ou informal. O trabalho pode inclusive melhorar o desempenho
intelectual e ajudar nas relações sociais do paciente, fazendo com que melhore
a sua autoestima e ele se sinta mais disposto e com mais autonomia.
5- O único tratamento que ajuda a reduzir os sintomas da
esquizofrenia é a medicação?
Mito. A
medicação na imensa maioria dos casos é peça fundamental para o tratamento,
mas, para ser ainda mais eficaz, o tratamento da esquizofrenia deve ser feito
também com intervenções psicossociais com o uso de atividades educativas,
sociais e ocupacionais. Elas podem contribuir muito para que os pacientes com
esquizofrenia melhorem a habilidade de conviver com a doença, se recuperem e
tenham capacidade de se reintegrar à sociedade.
No Brasil há
entidades como a Lado a Lado pela Vida com a iniciativa Arte de Viver, que oferece
oficinas de pintura, desenho e poesia para estes pacientes, contribuindo para
que eles se expressem por meio da arte e se comuniquem com o mundo.
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