O assassinato da juíza Patricia
Acioli completa seis anos em agosto.
O
assassinato da juíza Patricia Acioli completa seis anos em agosto, mas a rotina
dos três filhos continua limitada pela violência. Assassinada com 21 tiros numa
emboscada quando chegava em casa de carro, Patricia atuava na área criminal e
desagradara a grupos criminosos formados por PMs. Seis policiais foram
condenados pelo crime. "Até hoje vivemos em estado de alerta. Fiquei um
ano estudando fora, a vida mudou. Passamos a usar carro blindado, coisa que o
Estado não havia proporcionado à minha mãe, e evitamos sair à noite",
contou ao jornal O Estado de S. Paulo o filho mais velho, Mike Chagas.
Hoje
com 25 anos, bacharel em Direito e estudando para também ser juiz – não quer
seguir a área da mãe, e sim se dedicar à infância e à juventude –, ele ainda
aguarda o resultado de um processo que a família move contra o Estado do Rio,
com pedido de reparação por danos morais. "A gente se sentiu muito negligenciado",
disse o rapaz, que, com o trauma, passou a temer tanto criminosos comuns quanto
policiais. "É uma sensação de desamparo duplo. Se eu paro em uma blitz,
fico inseguro."
Patricia
tinha 47 anos, morava em Niterói, na região metropolitana do Rio, e atuava na
4.ª Vara Criminal de São Gonçalo. Era considerada "linha dura" e foi
responsável pela prisão de cerca de 60 policiais ligados a grupos de milícia e
de extermínio. A juíza estava jurada de morte. Recebia ameaças regulares e
chegou a ter proteção policial de 2002 a 2007 – que foi reduzida aos poucos,
sob alegação de não haver risco iminente.
A
prisão dos envolvidos no homicídio – condenados a penas de até 36 anos – não
deu conforto à família. "Não é decisão judicial que vai trazer minha mãe
de volta. A sensação de alívio é nula. E a gente fica preocupado em pensar no
dia em que eles saírem (da prisão)", contou o filho. "Por causa do
trauma, se ouvimos barulho de fogos de artifício, confundimos com tiros.
Vivemos em liberdade vigiada."
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