FONTE: Fernanda Cruz/Agência Brasil (http://www.redetv.uol.com.br).
A prevenção ao
tabaco, a bebidas alcoólicas e ao papilomavírus (HPV) faz parte do alerta do
julho verde, mês em que são reforçadas as campanhas contra o câncer de cabeça e
pescoço. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que mais de 10 mil
pessoas tenham morrido de câncer de laringe e cavidade bucal em 2015, de acordo
com o levantamento mais recente.
Os tumores do
câncer de cabeça e pescoço manifestam-se em lesões na boca, na faringe, na
laringe e na tireoide. Não são classificados nessa modalidade de câncer os
tumores no cérebro e nos olhos. Segundo Luiz Paulo Kowalski, diretor do
Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital
A.C. Camargo, a automedicação e a falta de diagnóstico correto fazem com que de
70% a 80% dos pacientes cheguem ao médico com a doença em estado avançado.
Os sintomas do
câncer incluem lesões brancas ou vermelhas, feridas, caroços, incômodo para
engolir, rouquidão, dor e desconforto, com duração maior que duas semanas. “São
sintomas que se confundem com doenças comuns. No caso da doença comum, em duas
semanas os sintomas desaparecem, com ou sem tratamento. O câncer vai se
tornando cada vez pior, os sintomas só se agravam. Aí deve despertar a atenção,
15 dias é o ponto chave”, esclarece o médico.
No caso de
doença avançada, os sintomas são dor, sangramento, perda de dentes e perda de
peso. O diagnóstico precoce traz mais chances de cura ao paciente. Há 20 anos,
a taxa média de cura era 50%. Atualmente, com o aumento do diagnóstico precoce
e os tratamentos mais modernos, o índice subiu para 65% a 70%. Os tumores de
tireoides têm ainda mais sucesso, com taxa de cura superior a 90%.
A taxa de
incidência apurada no país este ano pelo Inca mostra que homens são os mais
afetados por esse tipo de câncer. Para o câncer de laringe, foram 6.360 novos
casos de homens e 990 casos em mulheres. O câncer da cavidade oral afetou
11.140 pacientes masculinos e 4.350 mulheres.
Prevenção.
Evitar os
principais fatores de risco, como o cigarro, são a mais importante forma de
prevenção. Segundo o médico, os diversos componentes químicos da combustão do
tabaco, com forte potencial cancerígeno, afetam a boca, a garganta e a laringe.
“As pessoas que fumam um maço por dia, por 20 anos, têm risco de cinco a dez
vezes maior que a pessoa que nunca fumou. Se beber, aumenta de 60 a 80 vezes
esse risco”, adverte.
A ingestão de
bebidas alcoólicas é outro fator prejudicial. “O álcool é um solvente que
facilita a penetração dos agentes cancerígenos na mucosa. O indivíduo que bebe
muito, se alimenta mal e não tem cuidado com higiene oral, aumenta a
proliferação de bactérias, que podem produzir infecções crônicas”, explica.
O terceiro
fator de risco é o HPV, que pode ser transmitido para a boca por meio de sexo
oral ou até pelo beijo. A incidência do HPV alterou o perfil do paciente, que
antes era, em sua maioria, pessoas entre 55 e 60 anos. Com o vírus, a faixa
etária diminuiu para 30 a 40 anos, predominante até entre pessoas que não fumam
ou bebem. Segundo o médico, outras questões como dieta pobre em frutas e
verduras também aumentam os riscos.
Tratamento.
A cirurgia ou
a radioterapia podem ser o tratamento nos estágios iniciais. Com o avanço do
câncer, a quimioterapia ou a combinação das terapias também passam a ser
indicadas. Kowalski destaca que a cirurgia, nos tempos atuais, deixaram de ter
caráter mutilador. “Temos mídia assistida, laser, robótica e técnicas mais
refinadas de reconstrução. Hoje, conseguimos retirar os tumores sem deixar
sequelas significativas para o paciente, o sucesso do tratamento melhorou
muito”, destaca.
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