FONTE: Do UOL, em São Paulo (http://noticias.uol.com.br).
Pais que dão guloseimas aos filhos
quando estes estão chateados ou tristes, com o intuito de alegrá-los, podem
estar dando corda a uma bomba-relógio que vai estourar anos depois.
De acordo com estudo publicado no
jornal Child Development, crianças
em idade escolar que são alimentadas pelos pais com doces e outros alimentos
calóricos, de modo a "compensar" alguma frustração, tristeza ou
chateação, são mais propensas a desenvolver distúrbios alimentares anos depois.
Também constatou-se que pais que
comem para "acalmar suas emoções" também tendem a passar estes
hábitos para seus filhos.
O estudo, desenvolvido por
pesquisadores britânicos e noruegueses, a aborda a questão da "alimentação
emocional", sendo mais uma pesquisa que relaciona hábitos negativos à herança
familiar.
Pesquisa feita na Noruega.
Os pesquisadores estudaram os hábitos
alimentares de 801 crianças norueguesas, todas na faixa etária dos 4 anos,
voltando a avaliá-las aos 6, 8 e 10 anos de idade. Procurou-se saber se os pais
moldaram os hábitos posteriores destas crianças ao oferecer, de forma
recorrente, alimentos a eles de forma a acalmá-los e se estes pais que faziam
isso eram mais suscetíveis a manter este comportamento quando os filhos fossem
mais velhos.
Foi observado, então, que quando pais
alimentam crianças de 4 anos de modo a "confortá-los", estes pequenos
acabam por desenvolver hábitos de "alimentação emocional" um pouco
mais tarde, entre os 8 e 10 anos --entre os distúrbios identificados estão a
compulsão alimentar e a bulimia.
O inverso, contudo, também foi
constatado: pais cujos filhos eram mais
facilmente confortados com alimentos eram mais propensos a oferecê-los para acalmá-los.
Logo, oferecer comida de forma
emocional (por parte dos pais) aumentava a alimentação emocional (por parte dos
filhos), ao passo que esta alimentação emocional das crianças também impactava
na oferta de comida de forma emocional por parte dos pais --estudo recente,
publicado em 2016 no Archives of Disease in Childhood, já havia sugerido
que crianças com pais ansiosos ou deprimidos são mais propensas a desenvolver
distúrbios alimentares.
Nós sabemos que crianças que se irritam
mais facilmente e têm mais dificuldade em controlar suas emoções são mais
propensas a comer emocionalmente do que as crianças mais calmas, talvez porque
experimentem mais emoções negativas e comer faz com que se acalmem."
Lars
Wichstrøm, autor do estudo da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.
Para a professora associada de
psicologia da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e autora
principal do estudo, Silje Steinsbekk, "entender de onde a 'alimentação
emocional' vem é importante porque tal comportamento pode aumentar o risco de o
indivíduo ficar acima do peso e desenvolver transtornos alimentares". Ela
diz que a descoberta sobre o que influencia o desenvolvimento da alimentação
emocional em crianças pequena pode ajudar a fazer com os pais "recebam
conselhos úteis sobre como prevenir isso".
Os autores sugerem que os pais, em
vez de tentar acalmar os filhos com comida, utilizem outras estratégias. Como
oferecer um abraço, um beijo e um bom colo. "A comida pode funcionar para
acalmar uma criança, mas traz a desvantagem de ensinar às crianças a confiar em
alimentos para lidar com emoções negativas, o que pode ter consequências
negativas a longo prazo", acrescenta Steinsbekk.
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