Já
imaginou como seria se várias personalidades vivessem dentro de uma mesma
pessoa? Pode parecer coisa de filme, mas é realidade. Chamado transtorno
dissociativo de identidade, o distúrbio atinge menos de 1% da
população e é mais frequente em mulheres, segundo o psiquiatra e psicoterapeuta
Fábio Fonseca.
O que étranstorno dissociativo de identidade?
Também
chamado de transtorno de múltiplaspersonalidades, é
um distúrbio em que o indivíduo apresenta duas ou mais identidades
distintas, independentes e com características e comportamento diferentes uma
das outras.
"Geralmente,
esse transtorno agrega quatro ou cinco personalidades, mas em alguns casos
podem chegar a dez em uma mesma pessoa", conta o especialista.
O
tempo de permanência de cada identidade varia entre minutos, horas ou, em casos
raros, dias. Todas as identidades costumam ser impulsivas, dramáticas e
apresentar traços de imaturidade emocional..
Causas.
O
transtorno de múltiplas personalidades geralmente é resultante de traumas
na infância, como abuso físico, sexual ou psicológico. "É uma combinação
da vulnerabilidade emocional de alguém com os ambientes invalidantes que ele
frequentou", explica o médico.
O
problema faz com que a pessoa entre em um estado de analgesia perante
lembranças dos traumas ou situações estressantes, mudando de personalidade e,
posteriormente, não se recordando dos momentos em que esteve
"desconectado". "São mecanismos inconscientes que o
indivíduo adota para lidar com o sofrimento emocional", ressalta.
Além
dos pensamentos, emoções e memórias, o paciente também perde seu senso de
identidade.
Personalidades completamente
diferentes: sexo, doenças e mais.
A
fragmentação resulta em versões de uma mesma pessoa completamente
diferentes.
Para
se ter ideia da complexidade desse transtorno, podem haver personalidades
femininas, masculinas, com orientações sexuais distintas e idades diferentes em
uma mesma pessoa.
O
jeito de agir, falar e até mesmo andar também muda.
Cegueira.
Em
casos raros, o indivíduo tem uma identidade com alguma doença e outra sem. Por
exemplo, um artigo publicado na revista
especializada PsyCh Journal, relatou
o caso de uma mulher que sofria de cegueira psicológica em uma de suas
personalidades. Ainda por cima, algumas "versões"
da paciente falavam idiomas diferentes.
Consequências.
O
transtorno dissociativo de identidade impede uma vida normal, visto prejudica
trabalho, estudo e relacionamentos, levando ao isolamento social.
Além
disso, o distúrbio pode estar associado a dores de cabeça, alucinações,
agressividade intensa, abuso de substâncias, transtornos alimentares,
ansiedade, insônia, depressão e aumento do risco de suicídio.
Tem cura?
O
psiquiatra é o profissional mais adequado para analisar os
sintomas, histórico do paciente e relato de familiares e amigos
para determinar se realmente existe o transtorno. Somente ele é capacitado
para fazer o diagnóstico diferencial entre o distúrbio e outros
semelhantes, como personalidade borderline e esquizofrenia.
O
veredito pode demorar algum tempo pois pode haver uma pausa entre a troca de
identidade.
A
boa notícia é que é possível tratar o transtorno de modo com que a alternância
cesse ou ocorra com menos frequência. Para isso, o médico prescreve o uso
de medicamentos - como antidepressivos, estabilizadores de humor
e antipsicóticos - e psicoterapia.
As
sessões validam o sofrimento emocional da pessoa, por mais incompreensível seja
a forma pela qual ele é encarado, regulam as emoções e ensinam a tolerar
situações traumáticas ou estressantes sem que a troca de personalidade ocorra.
A
orientação de familiares quanto aos cuidados e apoio também ajuda, assim
como fazer meditação
mindfulness.
Nenhum comentário:
Postar um comentário