Quando
uma dor deixa de ser um sintoma e vira uma doença ela é considerada crônica.
Isso vale, por exemplo, para aquela dor nas costas que não larga você há meses ou a dor de cabeça que
dá as caras dia sim, dia também. É o seu caso? Infelizmente, é também o que
acontece com 37% dos brasileiros, segundo um novo estudo Sociedade Brasileira
para o Estudo da Dor (SBED).
Para
a pesquisa, foram entrevistados, por telefone, 919 homens e mulheres de todas
as regiões do país. Os resultados mostram que 42% relatam sentir algum tipo de
dor e 37% convivem com o incômodo por mais de seis meses – o que faz com que
ele seja considerado crônico. “Estudos mundiais mostram que a incidência dessas
dores varia de 25 a 45%”, diz o anestesiologista Charles Amaral de Oliveira,
presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em Dor
(Sobramid).
Mesmo
assim, a situação é preocupante. As regiões do país com mais casos de dor
crônica foram Sul (42%), Sudeste (38%) e Norte (36%). No Nordeste e no
Centro-Oeste, as porcentagens são de 28 e 24%, respectivamente. Em todas as
áreas, o sexo feminino é o que mais costuma apresentar a chateação. “Elas têm
maior variação hormonal, o que faz com que fiquem mais suscetíveis à dor. Além
disso, as mulheres vão mais ao médico do que os homens, que só procuram
assistência quando não conseguem mais aguentar a sensação dolorosa”, analisa
Oliveira.
A
maior parte das pessoas com queixas do problema está na faixa dos 40 anos de
idade. Para Charles de Oliveira, esse dado mostra os desafios que podemos
enfrentar nas próximas décadas em termos de saúde pública. “Observando nossa
pirâmide etária, temos mais adultos do que idosos. Daí porque há mais pessoas
na fase reprodutiva com dores crônicas”, afirma o médico. “Mas, se essa
pirâmide inverter e ficar como a de países desenvolvidos, com mais idosos, o
cenário vai mudar. E temos que estar preparados para trabalhar com esses
pacientes”, afirma.
Como prevenir.
A
dor crônica pode se dar de muitas formas. Segundo o presidente da Sobramid,
entre as mais comuns estão as dores de coluna, especialmente nas regiões lombar e cervical. O sedentarismo e o uso
excessivo de celulares e tablets em posições incorretas são as principais
causas dessas encrencas.
Para
evitá-las, é recomendável praticar atividade física regularmente e evitar
passar muito tempo nessas telas. “Quando ereta, a cabeça de um adulto pesa 7
quilos, em média. Inclinada a 60 graus, como acontece durante o uso dessas
tecnologias, ela passa a pesar 27 quilos”, informa Charles. O ideal é
posicionar os aparelhos sempre na linha dos olhos. “Uma dica é cruzar um dos
braços na altura do umbigo e apoiar nele o cotovelo do que está segurando o
celular”, indica o especialista.
Se o
que incomoda você é a dor de cabeça, evite exagerar nos analgésicos. “Abusar de
remédios sem orientação médica pode ser um agravante”, orienta o
anestesiologista.
Outras
práticas que afastam dores em geral são alimentação saudável e equilibrada,
sono de qualidade e fugir de hábitos como o tabagismo.
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