FONTE: Thamires Andrade, Do UOL (http://estilo.uol.com.br).
O cantor Tony Salles, líder da banda Parangolé, está internado desde
segunda-feira por ter contraído malária após um show na África no dia 25 de junho. A doença é
transmitida pela fêmea do mosquito Anopheles, que, na picada, insere um
tipo de protozoário presente em sua saliva, que entra no organismo da vítima e
se reproduz.
Os principais sintomas da doença podem ser
confundidos com uma gripe ou outro mal-estar e começam a aparecer de uma a duas
semanas depois da picada, já que o parasita entra no organismo e vai se
multiplicando aos poucos.
"Febre, dor no corpo, calafrios, dores de
cabeça, icterícia e crises convulsivas são os principais sintomas. Mas logo que
o paciente explica ao médico que viajou por lugares endêmicos, como a África ou
a região Amazônica, ele já pede um exame para detectar", explica Regia
Damous, infectologista do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo.
Foi o caso de Tony. Após o show, o cantor ainda foi
para os Estados Unidos com a família e, só na volta, começou a sentir febre e
uma moleza no corpo, segundo sua assessoria de imprensa.
Logo que foi levado para o hospital, ele informou
ao médico sobre sua estada em Guiné, na África, e ele detectou a doença e o
deixou internado. O cantor foi infectado pela Plasmodium Falciparum,
tipo mais grave da doença.
"Há quatro espécies diferentes de
protozoários: P. vivax, P. falciparum, P. malariae e P.
ovale. A de Tony é considerada mais grave, pois pode afetar o sistema
nervoso central, provocando sangramentos", explica Regia.
Por isso, a decisão de internar o cantor e fazer
exames de sangue e tomografia para monitorar a atividade do protozoário.
"Mas quando é a malária é do protozoário P. vivax, ela é mais leve e se o
paciente não for de um grupo de risco [grávidas, idosos e crianças] não é
preciso internar."
Tratamento.
Após fazer o exame de gota espessa, que diferencia
a espécie do parasita, o infectologista poderá escolher a medicação adequada
para interromper a multiplicação das hemácias contaminadas.
"Também é importante tratar os parasitas que
ficam alojados no fígado para evitar recorrência da doença. O medicamento
adequado depende da espécie de protozoário", explica Regia.
Formas de prevenção.
Regia fala que existem algumas vacinas para tratar
a malária que estão em fase de estudo e teste. No entanto, enquanto essas
opções não são válidas, quem for viajar para um lugar com surto da doença deve
tomar algumas preocupações.
"É possível fazer uso de algumas proteções
mecânicas, como usar roupas de manga comprida e sempre aplicar um repelente que
tenha uma boa eficácia na pele que ficará exposta", explica.
O Ministério da Saúde também recomenda uso de
mosquiteiros com inseticidas de longa duração sobre a cama, telas em portas e
janelas, além de evitar frequentar locais próximos da beira do rio ao final da
tarde até o amanhecer [horário em que há maior número de mosquitos
transmissores de malária circulando].
Malária
no Brasil.
De acordo com levantamento do Ministério, em 2015,
o Brasil registrou o menor número de infectados por malária dos últimos 35
anos. Foram notificados cerca de 143 mil casos, no período.
A doença é comum em regiões tropicais, como a
Amazônia, que concentra 99% dos casos registrados no Brasil. “Nessas regiões é
mais difícil de controlar, pois não dá para jogar veneno em uma região de
floresta. O impacto no ecossistema seria imenso. No ambiente urbano, é mais
simples de controlar, mas na região de floresta não tem como”, acredita Regia.
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