FONTE: Da Deutsche Welle (http://noticias.uol.com.br).
Pesquisadores apontam ser possível usar seda
de aracnídeos, elástica e resistente, para produzir tecido cardíaco. Material
também poderia ser usado como revestimento para implantes mamários e até mesmo
em sapatos.
Quem sofre de
insuficiência cardíaca poderá, no futuro, contar com ajuda vinda de um material
inesperado. E pegajoso. Cientistas alemães afirmam que pode ser possível
reconstruir o tecido do coração a partir da seda de aranha, material elástico e
extremamente resistente.
No momento, não
existe uma terapia para reverter o dano às células cardíacas provocado por um
infarto. Na busca por uma solução, o professor Felix Engel, da Universidade de
Erlangen, demonstrou que a seda de aranhas-tecedeiras é particularmente
adequada como material base para produzir o tecido cardíaco. Porém, ainda havia
um obstáculo: não era possível produzir em laboratório a proteína que dá à seda
sua estrutura e resistência, a fibroína, em quantidade e qualidade suficiente.
A ajuda veio de
pesquisadores da Universidade de Bayreuth: "Conseguimos produzir uma
proteína de seda recombinada da aranha de jardim em maiores quantidades e com a
mesma alta qualidade", disse o professor Dr. Thomas Scheibel, titular da
cadeira de Biomateriais da Universidade de Bayreuth.
Assim, a seda pode
ser confeccionada em laboratório, fora do corpo das aranhas. As equipes também
pesquisaram em conjunto como a proteína construída em laboratório interage com
células do coração. A descoberta foi publicada na revista científica Advanced
Functional Materials.
A seda de aranha é
mais resistente que o nylon, que as fibras sintéticas Kevlar e que todos os
outros materiais fibrosos sintéticos. Por isso, ela é um excelente material
para confeccionar as chamadas biotintas, com as quais estruturas semelhantes a
tecidos podem ser produzidas por impressoras 3D. O trabalho dos pesquisadores e
a possibilidade de imprimir as proteínas de seda artificiais nas impressoras 3D
são os primeiros passos para produzir tecido cardíaco funcional no futuro.
Reciclável e
biodegradável.
Scheibel fundou com
dois colegas a start-up AMSilk em 2008, que produz biopolímeros de seda de alta
qualidade para uso em produtos têxteis, dispositivos médicos e cosméticos. A
diferença em relação a outros polímeros sintéticos é que o produzido a partir
da seda é totalmente reciclável.
Os
pesquisadores de Bayreuth também demonstraram como usar a proteína para
revestir implantes mamários, já que a seda é estéril, dificultando a
disseminação de bactérias e fungos, e sua proteína é melhor aceita pelo corpo
humano do que o silicone. O método funcionou em experimentos com animais, e
testes com humanos serão realizados em breve.
"Estou confiante
de que a proteína de seda se provará eficaz", afirma Philip Zeplin, médico
especializado em cirurgia plástica e estética da clínica Schlosspark de
Ludwigsburg. Ele acredita que o método também será usado futuramente para
outros implantes, como próteses vasculares, cateteres de diálise ou válvulas
cardíacas.
A fabricante de
artigos esportivos Adidas também se interessou no ano passado pela seda de
Scheidel. Segundo a empresa, até agora foi produzido apenas um protótipo feito
com componentes biodegradáveis. O plano é comercializá-lo futuramente. Outro
benefício das teias de aranha é a duração. Elas sobrevivem por muito tempo, com
exemplares de até 500 anos podendo ser encontrados em prédios antigos.
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