FONTE: Wanderley Preite Sobrinho, Colaboração para o UOL (http://noticias.uol.com.br).
A equipe médica já havia desistido.
Depois de 30 minutos tentando reanimar um garoto de 12 anos que sofrera uma
parada cardíaca fulminante, eles pediram para avisar a mãe: "ele está
morto". "Insiste, continua tentando!", respondeu a acompanhante
do menino. E eles continuaram. Algum tempo depois e o estudante Ykaro Mafla
Freitas Oliveira voltou à vida. "Um milagre", agradece a mãe do
adolescente, a dona de casa Nívea Oliveira.
"Meu filho tinha
acabado de chegar da escola, almoçou e estava no quintal do fundo conversando
com a gente quando pedi que ele fosse comprar um doce", recorda-se Nívea
daquele inesquecível 22 de maio em Rio Verde, sudeste de Goiás. Na volta, ele
sentou-se já sem fôlego, o coração batendo muito forte. "De repente ele
estava roxo. Vi que não era uma dor qualquer."
A mãe do garoto ligou
para o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que pediu para que ela
procurasse o Corpo de Bombeiros, que por sua vez recomentou nova ligação ao
SAMU. "Como ele estava caído no chão completamente roxo, eu sai correndo
pela rua pedindo ajuda."
Quem parou primeiro
não pôde socorrer porque no carro, cheio de ferramentas, não cabia o garoto.
Foi quanto a jornalista Thay Sanqueta, que passava do outro lado da rua,
ofereceu carona. Thay entrou com o garoto às pressas pelo setor de raio-X do
Hospital Presbiteriando Doutor Gordon. Um dos médicos carregou Ykaro nos braços
e o levou para a UTI. Foi quando as massagens no peito começaram.
"Depois de um
tempo, o médico pediu para Thay me ligar avisando sobre o óbito, mas ela não
ligou. Ela disse 'eu sei que ele está morto, mas tenta, continua'". E
assim foi feito. "Eles não desistiram." Foram 48 minutos de massagens
e o uso do desfibrilador cardíaco por seis vezes, quando o normal são três.
"O peito e a virilha dele ficaram roxos."
Depois da reanimação,
outro desafio: o uso de uma técnica arriscada, mas necessária para reduzir as
chances de danos neurológicos: o resfriamento do corpo com soro gelado e bolsas
de gelo. O menino recebeu o tratamento por dois dias. Depois precisou de outros
nove para requerer o corpo paulatinamente.
A mãe conta que o
adolescente ficou 17 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) - parte deles
em coma induzido. Quando voltou do coma, não reconhecia ninguém. "A gente
falava, mas ele não conversava. O olhar estava parado, sem reação. Descobrimos
que ele tinha ficado cego. Se alimentava por sonda." No dia 7 de junho, o
adolescente foi para o quarto. Passou a comer pela boca e os movimentos foram
voltando com a ajuda da fisioterapia.
Ele recebeu alta no
dia 2 de julho, mas a fraqueza era tamanha que precisou voltar para o hospital
no mesmo dia. Voltou para casa no dia seguinte. Hoje Ikaro está praticamente
curado. "A visão dele ainda não está totalmente recuperada. Ele não
consegue detalhar o que enxerga. Os movimentos estão bons, mas não como antes.
O tratamento continua, mas a melhora é grande."
Na última sexta-feira
(11), Nívea levou o filho para agradecer os médicos "e as pessoas da UTI
que o trataram com muito amor"
Tímido, o garoto
sonha agora em se tornar médico para ajudar outras pessoas. "Eu agradeço
os doutores por salvar a minha vida. Eu gostaria de trabalhar na área médica,
mas ainda não sei em qual. Quero ajudar outras pessoas também."
Para a mãe, o empenho
dos médicos foi parte de "um milagre". "Foi um milagre. Não tem
outra coisa. Deus colocou tudo no seu devido lugar. Na hora certa. Não era para
morrer. Era para reafirmar a fé de muita gente."
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