FONTE: *** Jairo Bouer (http://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Em todo o mundo,
cerca de oito a cada 1.000 crianças são vítimas da Síndrome Alcoólica Fetal, um
conjunto de problemas decorrentes da ingestão de bebida alcoólica durante a
gravidez. A estimativa foi feita a partir de um grande estudo divulgado na
segunda-feira (21) pelo Centro de estudos sobre Saúde Mental e Dependência
(CAMH, na sigla em inglês), no Canadá, e divulgado no periódico Jama
Pediatrics. A pesquisa também indica que 1 a cada 13 mulheres consomem
álcool pelo menos uma vez enquanto está grávida.
O Brasil faz parte do
levantamento, e aparece na lista da Organização Mundial da Saúde com uma taxa
média de 12 a cada 1.000 crianças, uma estimativa de 2012. Nos Estados Unidos,
são cerca de 15 a cada 1.000. Os níveis mais altos foram encontrados na Europa,
que teve uma média de 20 casos por 1.000. Em países do leste do Oriente Médio
foram registradas a menor taxa, de 0,1 a cada 1.000. Em 76 países, mais de 1 em
100 jovens apresentava a síndrome.
Claro que as médias
variam bastante quando se considera populações específicas. Entre crianças
órfãs, por exemplo, a prevalência chega a ser até 30 vezes mais alta. Nas
populações com pior status socioeconômico, 23 vezes mais alta.
A síndrome pode
causar consequências variadas nas crianças, como peso baixo ao nascer e
alterações na face e em órgãos do corpo, bem como problemas de aprendizagem,
memória, fala, audição, atenção, comportamento e relacionamento.
Nem todas as mulheres
que bebem durante a gravidez terão filhos com a síndrome, mas é muito difícil
saber quais os níveis seguros de consumo de álcool durante a gravidez. É por
isso que, recentemente, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou uma campanha
para recomendar que futuras mães parem de beber assim que decidam engravidar,
ou pelo menos assim que se descobrem grávidas.
É importante lembrar
que essa taxa brasileira pode estar bem abaixo da real, já que não é simples
diagnosticar a síndrome. É difícil, inclusive, saber exatamente quanto álcool
foi ingerido na gestação, uma vez que nem todas as mulheres ficam à vontade
para falar sobre o assunto com médicos ou pesquisadores. O Ministério da Saúde
reconhece essa dificuldade, em reportagem da Agência Brasil sobre a campanha.
Uma pesquisa
realizada em uma maternidade pública de São Paulo, em 2008, com 2.000 mulheres,
mostrou que mais de 70% das que haviam consumido álcool o fizeram sem saber que
estavam grávidas. A incidência de desordens de desenvolvimento cerebral
relacionados à substância, no caso, foi de 34 bebês a cada 1.000 nascidos
vivos.
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