FONTE: Colaboração para o UOL (http://noticias.uol.com.br).
Recentemente o jornalista Marcelo
Rezende, que sofre de câncer de pâncreas, abandonou o tratamento convencional
para tentar métodos alternativos contra a doença. Um estudo, publicado em
periódico do National Cancer Institute, dos EUA, mostra que Rezende pode não
ter tomado a melhor decisão. Segundo a pesquisa, conduzida pelo médico Skyler
Johnson, da Escola de Medicina de Yale, pacientes que abandonam tratamentos
como a quimioterapia para buscar caminhos com menos efeitos colaterais têm o
dobro de chance de morrer.
Ao todo foram colhidas informações de
840 pacientes diagnosticados entre os anos de 2004 e 2013 e listados no banco
de dados nacional do câncer dos EUA. Foram pesquisados os tipos mais comuns da
doença no país: mama, próstata, pulmão e colorretal. A comparação foi feita
entre 280 pacientes que optaram por tratamentos alternativos e 560 que tiveram
tratamento convencional.
O resultado foi alarmante: quem optou
por não fazer a quimioterapia, cirurgia ou algum tratamento com radiação teve
2,5 vezes mais chances de morrer durante um período de cinco anos e meio após a
escolha do que quem estava no outro grupo durante o mesmo período de tempo.
Separados por tipo de câncer, a maior
taxa de mortalidade veio de quem tinha câncer de mama e optou por não ter
tratamentos convencionais: até cinco vezes mais. Na sequência apareceram
pacientes com câncer de cólon (quatro vezes) e pulmão (duas vezes). Não houve
alteração na taxa de mortalidade para quem tinha câncer de próstata.
Segundo o estudo, o que acontece é
que, sem seguir as recomendações médicas e optando por métodos não
convencionais, o câncer avança. Ele cresce e atinge outras áreas do corpo, se
espalhando para os gânglios linfáticos e órgãos mais distantes.
"Isso é preocupante porque as
chances de cura diminuem conforme o câncer aumenta e se espalha", afirmou
o Skyler Johnson para a rede CNN.
O levantamento foi feito porque,
segundo Johnson, está aumentando o número de pacientes que abandonam as
recomendações médicas para tentar tratamentos não convencionais.
"Podemos ter agora uma discussão
com base em evidências de qual é o risco para quem opta por terapias
alternativas", disse o Dr. Johnson.
Razões.
Ao decidir abandonar o tratamento por
quimioterapia, Marcelo Rezende publicou em suas redes sociais que os efeitos
colaterais do tratamento não eram suportáveis: "As drogas que me aplicam
mais parecem que vão me matar do que me salvar", disse, em um vídeo
postado no Instagram.
Este seria um dos motivos que levam
os pacientes a optarem pelas técnicas alternativas. "Existe a crença de
que as terapias alternativas são tão eficazes e não tóxicas, então, em suas
mentes, porque não fazer algo tão bom, mas sem efeitos colaterais associados a
isso?", explicou Johnson.
"Nós identificamos pessoas que
são mais propensas a medicina alternativa. E são pessoas que vêm de classes
mais altas, muitas vezes com mais educação, que são mais saudáveis", disse
Johnson. "Pensamos que as pessoas com mais educação formal, que tem maior
conhecimento de ciências e medicina seriam menos propensas a fazer algo assim,
mas isso claramente não é verdade", detalhou.
O Dr. Johnson completa: "Toda
terapia oferece certas vantagens e benefícios, e algumas pessoas acham que
podem escolher à 'la carte'. O pressuposto é que isso não é o melhor para a
sobrevivência".
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