FONTE: *** Heloísa Noronha, Colaboração para o UOL, https://estilo.uol.com.br
Negar as aparências e disfarçar as evidências é
uma prática comum entre as pessoas que fingem que não notam a traição do par.
Para quem está de fora, parece absurdo, mas, em muitos casos, o fingimento é a
única escolha possível. Há várias possibilidades que podem explicar a opção de
não encarar a realidade:
Pavor em encarar novas configurações de
vida.
Às vezes, nem rola mais amor entre o casal, mas
trazer a traição à tona pode provocar um grande impacto na vida de ambos
–afinal, é uma prova de que o relacionamento não deu certo. E ter de lidar com
a verdade e com todas as mudanças que ela acarreta causa apreensão.
Resistência em enfrentar a dor.
A descoberta de uma infidelidade, na maior parte
das vezes, causa desgosto e decepção para a pessoa traída. Como enfrentar a dor
de se sentir trocado e confrontar toda a raiva e a mágoa que a situação
provoca? Como lidar com o orgulho ferido e o ataque à autoestima? Nem todo
mundo tem as ferramentas emocionais para superar a frustração.
Receio de assumir alguma
responsabilidade no relacionamento.
Ao se recusar a admitir que é ou foi traída, a
pessoa inconscientemente evita refletir sobre as dificuldades do casal, a
relação e sobre os próprios defeitos e erros no percurso a dois. É uma forma de
fugir do confronto não só com o par, mas consigo mesmo(a).
Abandono de um projeto de vida.
Um relacionamento é sempre calcado em
expectativas, sonhos e planos cultivados em conjunto. Assim, a traição não é
apenas um golpe no amor próprio e no compromisso, mas uma bomba em um projeto
de vida. A infidelidade é uma forma de mostrar que ele fracassou. Porém, fingir
que ela não aconteceu é uma maneira torta de manter esse projeto.
Questões financeiras.
O aspecto financeiro costuma pesar para muita
gente na hora de pensar em se separar, seja por necessidade, luxo ou conforto.
Um rompimento sempre abala o padrão de vida. O que fazer, por exemplo, com os bens
adquiridos durante o casamento? Quem vai morar aonde? Como organizar sozinho
despesas que até então era compartilhadas?
Supervalorização da opinião alheia.
A preocupação comas aparências ainda é algo muito
forte para muita gente. A preocupação com a repercussão na família ou entre o
círculo de amigos sobre a admissão do fracasso do relacionamento costuma levar
ao silêncio e/ou à ignorância de uma traição. Fechar os olhos é menos doloroso
do que enfrentar a opinião dos outros.
Medo de ficar só.
Para muitos homens e mulheres, não há nada mais
apavorante do que vivenciar a experiência da solidão. O medo de ficar só,
associado ao receio de nunca mais conseguir ter um novo vínculo afetivo, é uma
das principais razões para investir no autoengano. Mas será que essas pessoas
já não estão sozinhas por viverem uma relação insatisfatória?
*** Fontes: Marcelo Lábaki
Agostinho, psicólogo clínico, psicanalista e terapeuta familiar com atuação em
consultório particular e no IP-USP (Instituto de Psicologia da Universidade de
São Paulo); Miriam Barros, psicóloga e psicodramatista, de São Paulo (SP);
Silvia Malamud, psicóloga clínica especializada em terapia de casais e família,
de São Paulo (SP), e Sylvia Loeb, psicóloga e psicanalista, de São Paulo (SP)
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