Crianças nascidas de
mães com mais de 35 anos têm maiores riscos de desenvolver problemas cardíacos na
vida adulta, aponta estudo realizado pela Universidade de Alberta, no Canadá.
Análise feita com camundongos fêmeas indica que os filhotes nascem com vasos
sanguíneos danificados, o que oferece maior risco de problemas cardíacos na
fase adulta.
Segundo o
estudo, filhos de mulheres que passam por fertilização in vitro ou
usam óvulos congelados (mesmo de doadores) também correm o risco de apresentar
problemas cardiovasculares. Isso porque não é apenas a idade do óvulo que
desempenham papel importante no desenvolvimento do sistema vascular do
feto; a placenta da mulher também influencia na formação da criança.
“Esta pesquisa é
importante porque melhora nossa compreensão do impacto do parto em uma idade
mais avançada na saúde da prole mais tarde na vida”, disse Sandra Davidge,
principal autora do estudo e diretora executiva do Instituto de Pesquisa em
Saúde da Mulher e da Criança, ao Daily Mail.
Gravidez
tardia.
O número de bebês
nascidos de mulheres com mais de 35 anos só tem aumentado, especialmente quando
os avanços da medicina têm facilitado a realização do sonho da maternidade para
mulheres mais velhas.
A gravidez
tardia já era conhecida por oferecer risco para a mulher, como o
desenvolvimento de diabetes e pressão alta, assim
como aborto espontâneo e parto prematuro. Já para
os bebês, os riscos conhecidos eram dificuldades de crescimento e
anomalias cromossômicas, como a síndrome de Down.
Além disso, com o
passar do tempo o número e a qualidade dos óvulos vão decaindo, principalmente
depois dos 35 anos, uma vez que as mulheres nascem com um número definidos de
óvulos, liberados a cada mês durante a ovulação. Outro problema na gravidez tardia
é o fato de que, conforme as pessoas envelhecem, surgem maiores riscos de
condições crônicas e de degeneração geral do corpo, comprometendo a saúde.
Gestação:
funcionamento do corpo.
Ao longo da gravidez,
o volume de sangue no corpo da mulher aumenta progressivamente, o que faz com
que o coração fique maior e bombeie mais para distribuir o sangue por todo o
corpo e para o feto que está crescendo no útero. “A gravidez é um evento
fascinante – especialmente seus efeitos em nosso sistema cardiovascular”, comentou
Sandra.
Apesar de todas as
mudanças cardíacas, a pressão arterial não costuma se alterar
em uma gravidez sem complicações. No entanto, as mudanças fisiológicas que
ocorrem nesta fase colocam mais pressão sobre as mulheres mais velhas,
tornando-as mais vulneráveis à pré-eclâmpsia – condição ainda
não muito compreendida pela medicina, mas que está relacionada ao modo como as
veias sanguíneas se formam na placenta -, ou à hipertensão relacionada à
gravidez.
isso acontece porque o
sistema circulatório que supre a placenta tem veias mais estreitas em
comparação com os vasos do restante do corpo da mulher, fazendo com que a
pressão no sistema geral se acumule. Além disso, a placenta de mulheres
mais velhas podem se desenvolver com limitações, prejudicando a capacidade da
troca de nutrientes entre o corpo e o bebê, atrapalhando, por sua vez, o
desenvolvimento fetal.
Prejuízos
ao bebê.
Quando todos esses
fatores acontecem durante a gestação, cresce as chances de que afetem os mecanismos
epigenéticos, ou seja, modificações no DNA, que levam a alterações nas
proteínas e mudam alguns aspectos do desenvolvimento cardiovascular.
De acordo com os
pesquisadores, os filhotes machos e fêmeas nascidos de ratos mais velhos mostraram
sinais de sistemas cardiovasculares mais fracos, embora os machos parecessem
muito mais afetados com apenas alguns meses de idade. “Independentemente da
idade materna, as placentas masculinas e femininas desenvolvem-se
diferentemente e, desde cedo, os machos tendem a ser mais suscetíveis [aos
problemas cardiovasculares], mas as fêmeas recuperam”, revelou Sandra.
Esses dados indicam que
pessoas nascidas de mães mais velhas podem ser menos resistentes a fatores
epigenéticos e ambientais, o que poderia aumentar os riscos cardiovasculares.
Por isso, para esses indivíduos recomenda-se a prática de exercícios e uma
alimentação saudável desde cedo para evitar futuros problemas de saúde.
Apesar das informações
reveladoras, ainda é preciso fazer estudos em humanos para verificar se os
resultados são similares. Por isso, Sandra afirma que os dados preliminares não
devem interferir nos planos de gravidez das mulheres mais velhas, mas precisam
ser encaradas como um alerta para que se preparem melhor para esse processo.
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