FONTE: *** Nina
Lemos, http://ninalemos.blogosfera.uol.com.br
A Copa do Mundo começa
semana que vem. E isso significa que… em sites de celebridades já podemos ver
notícias sobre mulheres seminuas que disputam o título de “Musa da Copa”. Como?
Também custei para acreditar. Estamos em 2018 e as coisas ainda são assim.
Futebol é igual a: “homem machão que gosta de mulher pelada e cerveja.” Será?
As novas gerações
(ainda bem) não pensam assim. E minha sobrinha de 8 anos está aí para provar.
“Manu, o que vai ser quando crescer?” “Jogadora de futebol”, ela respondeu na
hora, me enchendo de orgulho. Parte da mídia e da indústria (musas geram
dinheiro) parecem ainda não ter acordado para essa nova (e boa) realidade.
Lembrando do óbvio:
futebol não é coisa só de machão (ei, mulheres e gays também gostam de
futebol!). E grande parte dos homens héteros que amam Copa não corresponde a
esse estereótipo, certo?
Kardashian Russa.
Não no mundo das musas
do futebol. Nesse mundo, existe a pergunta: “mas quem será a musa da Copa?” A
Russia, país famoso pela beleza das mulheres, tem várias “concorrentes”. Mas a
mais cotada para musa da Russia, leio, é uma russa de 23 anos chamada
Anastasiya Kivitko, conhecida como “Kim Kardashian russa” . Ela ficou famosa e
é comparada com a famosíssima Kim por causa do tamanho bunda… enorme. A modelo,
que também é conhecida pelos seios fartos, estaria se preparando para ficar
conhecida como “musa da copa” de seu país desde 2016, com exercícios, cuidado
com a pele etc.
Enquanto isso,
participantes do concurso brasileiro “Musas da Copa”, fizeram topless para
divulgar o evento essa semana em São Paulo. No concurso, produzido pelos mesmos
organizadores do “Musa do Brasileirão” (aff) , cada mulher representa um país.
Nas fotos e em público, elas se exibem com fio dental, poses sensuais e
camisetas dos países que representam. Existe a musa do Brasil, a musa da
Alemanha, a musa do Egito. A musa das musas será escolhida dia 27 de junho em
São Paulo.
Chato que a sociedade
ainda coloque mulher na posição de competir pela melhor bunda. Já está mais que
na hora de passarmos da posição de bibelô para a de protagonistas. Inclusive
porque cada vez mais estamos conseguindo espaço. Sim, mulheres arrasam no
futebol cada vez mais também porque entendem de futebol (viva Fernanda Gentil)
e jogam (salve Marta!).
Nigéria branca.
Ah, e atenção.
Pesquisava sobre o concurso, aqui, perdida em teorias, enquanto olhava as fotos
das concorrentes e… ué, a imagem era branca… No país onde 55% da população
feminina é negra, quase todas as musas são brancas. Dos países africanos,
apenas um (Senegal) é representado por uma negra. A musa da Nigéria, por
exemplo, é branca.
“Mulher branca com
corpo escultural para agradar os homens”. No pré-aquecimento da Copa 2018,
parece que os velhos estereótipos ainda estão ganhando. Mas quem sabe semana
que vem esse jogo não muda? Vamos torcer…
Nina
Lemos.
Nina Lemos é jornalista
e escritora, tem 46 anos e mora em Berlim. É feminista das antigas e uma das
criadoras do 02 Neurônio, que lançou cinco livros e teve um site no UOL no
começo de 2000. Foi colunista da Folha de S. Paulo, repórter especial da
revista Tpm e blogueira do Estadão e do Yahoo. Escreveu também o romance “A
Ditadura da Moda”.
Sobre o blog.
Um espaço para falar
sobre a vida das mulheres com mais de 40 anos, comportamento, relacionamentos,
moda. E também para quebrar preconceitos, criticar e rir desse mundo louco.
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