Masturbar-se é saudável
e natural. Mas e não se masturbar: é sinal de problema? A resposta mais simples
é "não". Mas você já se perguntou o motivo de não curtir?
“Eu nunca tentei me
masturbar. Tenho a impressão de que não vai ter graça alguma, pois sou eu
fazendo. Já tentei enquanto tomava banho, mas não vejo graça no prazer
sozinha", conta a publicitária Raquel, 28 anos, que prefere não revelar o
sobrenome. "Fico com tesão se penso em algumas coisas, mas aí me dá
vontade de ver meu namorado e transar. Gostamos muito de experimentar coisas
novas e gozo sem problema na transa", conta.
A projetista Tânia, de
25 anos, conta que nunca sentiu necessidade de se masturbar. "Uma vez, por
Skype, eu já gozei me masturbando para o meu atual namorado. A gente estava
fazendo vídeo chamada e ele pediu para eu me tocar. Eu fiz e, ao ver ele tendo
prazer, fiquei excitada. Gozei, mas não teve graça", conta ela. "Não
é tão gostoso quanto quando ele faz. É como tentar ter cócegas sozinha".
Assim como Raquel e
Tânia há outras mulheres que nunca se masturbaram ou, se o fizeram, não sentem
o mesmo prazer do sexo. As razões são variadas, como achar que a maneira
correta de ter prazer é com o parceiro e acreditar que é o outro é quem deve
proporcionar essa experiência. Baixa autoestima e insatisfações com o corpo
também podem fazer com que muitas de nós evitamos nos tocar.
Masturbar-se também é
compreender que para ter prazer na relação sexual é preciso certa dose de
egoísmo, quer dizer, se fechar nas próprias sensações somente, se colocar em
primeiro lugar e controlar os movimentos em benefício próprio. Portanto, o ato
é um desafio para quem tende a pensar mais no parceiro, em como ele está se
sentindo e de que forma consegue agradá-lo mais. Preferir dar a receber é um
obstáculo.
A masturbação sozinha,
contudo, tem um papel importante na sexualidade individual e do casal. Ao fazer
isso, aprende-se muito sobre o próprio corpo, reações e estímulos sexuais que
funcionam. Você consegue se satisfazer sozinha, sem ter que passar pelo ritual
de preliminares e envolvimento com o outro - pode gozar, virar para o lado e
dormir. De quebra, se torna apta a guiar lindamente o parceiro na hora da
transa. A masturbação, portanto, é uma forma de se empoderar sexualmente.
Sempre o machismo.
A psicóloga clínica e
terapeuta sexual Paula Napolitano explica que o machismo impede nosso
autoconhecimento corporal. “Ainda somos criadas em uma cultura que
superestimula a sexualidade masculina e reprime a feminina, com frases para
meninas pequenas como ‘tira a mão daí, é feio, é sujo’ ou ‘fecha as pernas’.
Crescemos com uma visão negativa das nossas partes íntimas e também da sexualidade”,
diz.
Como consequência,
algumas de nós sentem-se pervertidas por se tocar, o que pode bloquear o
prazer, já que o cérebro tende a nos proteger do que consideramos negativo. Se,
na hora da masturbação, pensamos em algo que não é erótico e ainda é negativo,
fica difícil sentir algo. Sexo e prazer são sensações afinal de contas.
Se você chegou até
aqui, talvez esteja interessada em transformar a sua relação com a masturbação.
Por isso, conversamos com especialistas que sugerem algumas abordagens:
Olhar-se no espelho: experimente
deitar na cama ou se acomodar em outro lugar confortável, tirar a calcinha e
colocar um espelho em frente a vagina. Descubra onde fica cada parte: pequenos
lábios, grandes lábios, clitóris, prepúcio, entrada da vagina e ânus. Passe a
mão e sinta a espessura e sensibilidade de cada região.
Começar a se tocar: o
seu grande aliado será o clitóris, a protuberância mais sensível devido as mais
de 8 mil terminações nervosas. Faça movimentos circulares em torno dele. Ao
tocá-lo diretamente vá devagar, se apertar muito pode se incomodar. Experimente
toques, intensidades e velocidades diferentes. Você pode usar os dedos para
penetrar a vagina ao mesmo tempo que toca o clitóris. E também provar o toque
indireto, por cima da calcinha. Pode também roçar em um travesseiro ou usar
vibradores de clitóris e para penetração.
“É muito valido usar
lubrificantes e géis térmicos de massagens para novas sensações”, fala a
palestrante sobre sexualidade Sirleide Stinguel.
Não precisa tirar toda
a roupa: é um momento para você se sentir bem e não
vulnerável. Por isso, se ficar mais confortável de roupa, só com a calça
abaixada ou vestida com lingerie nova e provocante manda a ver! Também pode ser
embaixo da coberta, no escuro ou com uma iluminação baixa. Com o tempo, a
tendência é que você se sinta cada vez mais confortável nessa situação, mas não
há razão para pressa.
Escolha o ambiente
ideal: se você não mora sozinha, pode ser difícil encontrar
total privacidade para se tocar. Mas ela é importante, porque é muito difícil
relaxar e se desligar do externo quando se está pensando que alguém pode abrir
a porta a qualquer momento. Na impossibilidade de fazer isso no quarto, com uma
música relaxante de fundo, experimente no banheiro, antes ou depois de tomar banho.
Preparação mental: o
pensamento é muito importante no prazer, por isso, se esforce para se
concentrar em fantasias eróticas, que aumentarão a sua excitação. Tente lembrar
de algum momento em que sentiu tesão, de uma transa gostosa, de um conto erótico
que leu ou até mesmo de um pornô que assistiu.
Paciência faz parte: tocar-se
um pouco e parar, geralmente, não adianta. O desejo e a excitação aumentam
conforme você dedica um tempo ao toque, não só alguns segundos ou minutos. E
aqui a prática também leva a perfeição. Somente você poderá saber qual é a
melhor maneira, o melhor toque e o melhor lugar para estimular. Esse
conhecimento, contudo, virá com a prática contínua.
Ajuda do parceiro: o
par pode ser cúmplice nessa jornada de autoconhecimento, tanto incentivando
você a se tocar, como te masturbando na hora da transa para que perceba onde
sente prazer. Alguns também gostam de ver a parceira se tocar e pode colocar a
própria mão sobre a delas e guiá-las até que se sintam.
*** Outras fontes ouvidas: Edson
Lago, psicólogo da Faculdade de Ciências Médicas Ipemed e Marcia Oliveira,
fisioterapeuta sexual do Espaço Íntimo Fisioterapia, no Rio de Janeiro.
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