Para os mais de 16
milhões de americanos que vivem com depressão, os
antidepressivos são uma opção que alivia os sintomas da doença. Mas, como todo
remédio, os efeitos colaterais são comuns. E, para alguns, eles se manifestam
no apetite sexual.
Antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos de recaptação
de serotonina (ISRS), podem ter impacto na vida sexual. Os sintomas
podem incluir diminuição da libido, ejaculação retardada, disfunção erétil e
incapacidade (ou retardamento) de atingir o orgasmo. Mas não há resposta
definitiva para a prevalência desses sintomas entre os pacientes tratados com
antidepressivos. Os estudos produzem resultados variados, e o número de pessoas
afetadas mostram muitas diferenças, de 25% a 73% dos pacientes medicados,
segundo Ash Nadkarni, psiquiatra associado do Brigham and Women's Hospital, de
Boston.
Isso não significa que
todas as esperanças estejam perdidas ou que você deva procurar um tratamento
alternativo. Como na maioria das questões relativas a remédios, conhecimento é
poder. Abaixo, especialistas detalham o que você tem de saber sobre
antidepressivos e apetite sexual – e o que você pode fazer a respeito:
O cérebro pode ser o
culpado pela sua falta de apetite sexual.
Nadkarni diz que o
impacto potencial dos ISRSs podem estar relacionados a ocorrências químicas
específicas no cérebro.
"Os caminhos do
desejo sexual envolvem serotonina, mas também químicos como dopamina e
norepinefrina", afirma ela. "A dopamina está associada à paixão
intensa e à excitação do amor romântico, enquanto a norepinefrina está
associada à atenção elevada e à motivação do desejo. Remédios que aumentam a
quantidade de serotonina no cérebro reduzem o desejo sexual pois diminuem a
capacidade de ativação da dopamina e da norepinefrina."
Apesar de a serotonina
potencialmente diminuir o desejo sexual, Nadkarni observa que, em algumas
instâncias, ela pode também aumentar o apetite sexual. Isso varia de pessoa
para pessoa e também com o tipo de remédio usado.
A diminuição da libido
pode ter curta duração.
Alterações no desejo
sexual ou na experiência do sexo nem sempre são permanentes. Também pode ser
difícil determinar se a culpa é da depressão ou dos remédios, diz John
Christman, psiquiatra do Zucker Hillside Hospital, em Glenn Oaks.
"Quando as pessoas
estão deprimidas, elas tendem a ser menos sociais e interativas e, é claro,
isso pode afetar a libido", diz Christman.
Os homens têm maior
propensão a sentir mudanças no apetite sexual.
A melhoria sexual
sentida por alguns pacientes que estão começando o tratamento com
antidepressivos não é necessariamente a experiência de todos. Christman explica
que disfunção sexual é o efeito colateral mais comum dos antidepressivos,
especialmente entre os homens. Quem sente disfunção sexual como resultado do
uso de antidepressivos podem considerar parar com o remédio, mas Christman
recomenda não fazê-lo.
"Digo para a
maioria dos meus pacientes que a melhor coisa a fazer é esperar", afirma
ele. "Se você der um tempo para o remédio, em muitos casos a situação
melhora."
O que fazer, então?
Eis
algumas soluções:
Tenha consciência de
outros fatores envolvidos.
Às vezes não se trata
do remédio. Nadkarni diz que é importante estar ciente de outras causas
possíveis, incluindo idade, uso de álcool, outros remédios ou sintomas
remanescentes da depressão.
Converse com um médico
sobre possíveis ajustes na medicação.
Existem várias maneiras
de contornar efeitos colaterais na vida sexual, incluindo trocar de remédio,
incorporar outras drogas ou deixar de tomar o antidepressivo por um dia. Mas
essas "férias do remédio", como diz Christman, só devem ser adotadas
com a aprovação e supervisão do seu médico.
"Espere, e os
sintomas muitas vezes vão embora", afirma Christman. "É muito
importante conversar com seu médico se você tem efeitos colaterais. Não sinta
vergonha. Atividade sexual é parte do comportamento humano normal e não deveria
ser estigmatizada."
Acima de tudo, seja
honesto com seu médico.
Antes de reconsiderar a
decisão de tomar antidepressivos, ou pensar em parar por causa dos efeitos
colaterais, você deveria conversar com o médico que o prescreveu.
Quem está sendo tratado
com antidepressivos e sente mudanças no apetite sexual também pode considerar
uma consulta com um terapeuta sexual.
"Sugiro sessões de
casal ou de terapias sexuais, para você ambos sintam que estão sendo ouvidos.
Dessa maneira, vocês podem trabalhar em equipe na vida sexual", diz
a terapeuta
sexual Vanessa Marin. "O complicado dessas situações é
que você tem de abrir espaço para a experiência de ambas as pessoas. É
compreensível que a pessoa com depressão esteja desinteressada em sexo, e é
compreensível que o parceiro ainda queiram sexo. Talvez você tenha de ser
paciente e precise buscar outras maneiras de ter intimidade e satisfação
sexual."
A maneira de lidar com
eventuais efeitos colaterais causados pelos antidepressivos depende de você. E
lembre-se que nem todas as pessoas têm a mesma experiência.
"Se você sente
efeitos colaterais, às vezes eles desaparecem com o tempo. Se isso não
acontecer, há outras medidas a tomar", diz Christman. "Nem todos
sentem os efeitos colaterais, e você não deveria permitir que eles sejam um
obstáculo na sua busca por tratamento. É algo a discutir com o médico, algo que
vocês podem tratar juntos."
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