Quando estamos
envolvidas na transa, não pensamos em todas as mudanças que o nosso corpo
passa, desde o início do desejo até o pós-orgasmo. E, de fato, não é um momento
para racionalizar, e, sim, para curtir sensações prazerosas –quem
pensa demais nesta hora, corre o risco de bloquear a excitação.
Mas reconhecer a existência dessas fases tem a ver com descobrir o caminho para
o próprio prazer. Explicamos melhor sobre cada fase a seguir.
Desejo.
Por muito tempo
acreditamos que a vontade de transar vinha de dentro da gente, como um impulso
para satisfazer uma necessidade biológica. E a mulher que não se sentisse dessa
forma era considerada frígida. Não à toa até hoje somos atormentadas pelo baixo
desejo e tendemos a achar que algo está errado conosco. Mas, na maior parte dos
casos, estar meio sem tesão não indica problema algum. O desejo da mulher é
responsivo, diferentemente do dos homens, que é espontâneo, ou seja, movido
pela atração.
“A mulher, muitas
vezes, não entra na relação sexual com muita vontade de transar. A excitação
vai acontecendo de acordo com as carícias. Os toques e preliminares, e as
sensações causadas por elas, vão passar a mensagem para o cérebro que vai dar o
gatilho para a excitação”, explica a ginecologista e sexóloga Carolina
Ambrogini, fundadora do Projeto Afrodite sobre sexualidade feminina, do
Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo.
Neste momento, os
toques lentos e carícias delicadas –beijos de língua, no pescoço, na barriga e
coxas– aumentam a excitação, que é a próxima fase.
Excitação.
A fase da excitação
evolui de forma gradual. Fisiologicamente, é caracterizada pela vascularização
dos genitais –os órgãos masculinos e femininos se enchem de sangue, o que
provoca a ereção masculina e a lubrificação feminina. O clitóris também aumenta
de tamanho e extravasa do prepúcio, a pelinha que o recobre. Da mesma forma, a
pressão cardíaca e arterial aumenta e a respiração fica mais intensa.
Logo no início da
excitação, a penetração pode não ser agradável para muitas mulheres, porque a
vagina pode não estar lubrificada o suficiente. É um momento para explorar a
pele circundante do clitóris, em vez de partir logo para o estímulo direto.
Tenha em mente que quanto mais tempo demora em um movimento, mais a expectativa
e o tesão aumentam.
Com o aumento da excitação,
entram em cena os dois Fs do orgasmo: fantasia e fricção. Quer dizer, o
pensamento deve estar voltado para o momento erótico e o estímulo adequado e
constante. Para muitas, parar o movimento ou alterar o padrão pode acabar com a
vontade de gozar, e ter que começar tudo de novo. Na relação a dois, cabe a
mulher dar sinais ao par do que está dando certo, por exemplo, ao dizer
“continue assim que eu vou gozar”.
“O importante é começar
com calma e ir percebendo a receptividade do par. Movimentos delicados, como
deslizar o dedo e a língua funcionam. É importante estimular em diferentes
velocidades e pressões, até encontrar o ritmo ideal, enquanto alterna com
estímulos em outras partes do corpo”, diz a sexóloga Quetie Mariano Monteiro,
do Ambulatório de Medicina Sexual do Centro de Referência da Saúde da Mulher,
no Hospital Pérola Byington, em São Paulo.
Orgasmo.
Conforme a excitação
aumenta, o prazer começa a vir em ondas. Vai se tornando cada vez maior e
desencadeia o orgasmo, que provoca contração na musculatura da vagina e no
útero. A lubrificação intensifica e as mamas enrijecem. Nos homens, a pele das
bolsas escrotais fica mais lisas e testículos e glande aumentam, discretamente,
de tamanho.
Ele não dura mais que
alguns segundos, mas o prazer é muito intenso. Depois disso, a vagina relaxa e
sofre pequenas contrações involuntárias e o corpo fica bastante relaxado.
Durante o orgasmo é jorrada a endorfina que permite a pessoa experimentar uma
sensação de felicidade e bem-estar. Oxitocina também é liberada, o que favorece
a conexão emocional e ajuda a aliviar dores e tensões.
Recuperação.
Depois do orgasmo e as
liberações de hormônios, há uma intervenção da amídala (região do cérebro
reguladora do comportamento sexual) para o corpo voltar a funcionar como antes
do ato sexual. O clitóris, nesse momento, fica muito mais sensível e muitas
mulheres sentem dor ao tocá-lo. Se continuarem os estímulos, contudo, o
primeiro orgasmo pode reverberar e acontecer o chamado orgasmo múltiplo. Para
isso, vão precisar escolher os movimentos mais prazerosos, para retomar a
excitação.
Mas não se cobre
demais, ficar no primeiro orgasmo é muito bom, basta sentir a sensação que o
corpo traz de relaxamento e curtir o prazer que acabou de vivenciar.
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