Os distúrbios cerebrais
podem compartilhar sintomas entre si, sejam eles de origem neurológica ou
psiquiátrica. Por exemplo, pacientes que sofrem tanto com a esquizofrenia
quanto os que têm Alzheimer podem apresentar quadros de alucinações.
Por compartilharem
características, pesquisadores sempre levantaram a hipótese de que transtornos
neurológicos e psiquiátricos poderiam ter a mesma base genética - ou, pelo
menos, alguma parte dela.
No entanto, um estudo publicado
na revista Science afasta tal possibilidade. De acordo com a
pesquisa "Análise da herdabilidade compartilhada em transtornos
comuns do cérebro", a correlação genética entre os transtornos de
origem neurológica e psiquiátrica é muito baixa.
O
estudo, ainda, traz algumas conclusões importantes.
Doenças psiquiátricas,
como ansiedade, depressão e transtorno obsessivo compulsivo compartilham genes
parecidos. Porém, as doenças neurológicas, dentre elas Alzheimer, Parkinson e
epilepsia, apresentam correlação genética pouco significativa quando comparadas
umas com as outras.
Outra conclusão, ainda,
é que quanto mais cedo uma doença do cérebro se manifesta, maior é a sua
herdabilidade, ou seja, maior o componente genético envolvido no transtorno.
Mas
o que difere as doenças neurológicas das psiquiátricas?
A professora da
Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) Helena Brentani é uma das autoras do
estudo. Em entrevista ao Jornal da USP, ela explicou que
"a neurologia estuda a relação do cérebro com os demais órgãos do corpo,
enquanto a psiquiatria considera também o relacionamento do indivíduo com o
ambiente externo, inclusive as outras pessoas."
Para Brentani, o
resultado do estudo reforça que doenças neurológicas devam ser tratadas e
analisadas de modo distinto, já que não possuem a mesma origem. Mas a alta taxa
de correlação genética entre as psiquiátricas pode levar a uma mudança no
processo como é feito o diagnóstico e como o médico compreende o seu paciente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário