Saber que o namorado
fez sexo com outra é mamão com açúcar perto de outras questões que envolvem os
relacionamentos, segundo essas nove mulheres. Abuso psicológico, o gaslighting,
abuso sexual e relação de poder são alguns dos pontos destacados por elas, que
garantem: a traição carnal é o menor dos problemas.
Qualquer característica
de um relacionamento abusivo é pior que traição.
"Os abusos nas
relações não se restringem às agressões físicas. Violência verbal, proibições,
humilhações e manipulação atingem muito o outro. Eu me relacionei com um homem
dizia ser superior a mim, se gabava por ser inteligente e me humilhava. Me
proibia de falar com meus amigos, já chegou a me impedir de ter Facebook. Me
afastei de todo mundo. Em 2012, perdi todas as provas finais da escola e repeti
de ano porque ele não me deixava ir. Ele, inclusive, me agrediu
fisicamente", Giovanna Rocha, 23 anos, publicitária.
Egocentrismo.
"Meu ex-namorado é
altamente egocêntrico, ele é incapaz de gostar de qualquer pessoa e ter
qualquer sentimento de empatia pelo outro. Ele só se preocupa consigo mesmo e,
com o outro, apenas quando lhe convém. Isso é péssimo porque um relacionamento
é construído a dois, e pessoas egocêntricas não entendem como isso funciona na
prática", Barbara Braga, 24 anos, formada em Direito.
Ser silenciada.
"Tem homem que me
trata como troféu e não como um ser pensante. Já me relacionei com caras que me
desprezavam quando entrávamos em um assunto sério, como política, religião e
até mesmo música. Alguns repetiam o que eu dizia com outras palavras, para que
eu parecesse burra, e me interrompiam", Fádia Oliveira, 26 anos, relações
públicas.
Mentiras relacionadas a
questões financeiras.
"A pior coisa que
já me aconteceu foi ser enganada por causa de dinheiro. Meu ex-marido mentia
sobre tudo que envolvia grana. Ele foi demitido por justa causa e não me
contou; depois, disse que tinha licenciado o carro, mas fomos parados pela
polícia e estávamos dirigindo ilegalmente. Não dá para dividir a vida com gente
assim", Nádia Vieira, 32 anos, professora.
Mentir sobre o casamento
anterior.
"Comecei a namorar
um homem recém-separado. Era divertido, nos dávamos bem. Decidimos morar
juntos. Um dia, sem querer, bati o olho em uma mensagem que ele tinha recebido
no Facebook e descobri que a ex-mulher dele estava grávida. Ele sabia, mas não
me contou por 'medo de me perder'. Passei por cima disso. Quando saíamos, ele
dizia à família dele que eu era apenas uma amiga. Vivi dez meses sendo
escondida das pessoas", Karim Roberta, 45 anos supervisora de venda.
Não ter
responsabilidade afetiva.
"Iludir uma pessoa
e não ter responsabilidade afetiva com ela é pior que traição, é falta de
caráter. Estive em um relacionamento em que o cara me fazia acreditar que me
amava e que planejava um futuro comigo. Ao mesmo tempo, ele dizia que estava solteiro
para os amigos. Quando cobrei, ouvi que eu imaginava coisas e que ele nunca se
envolveu comigo", Pâmela Guerra, 25 anos, engenheira.
Ser abusada por anos.
"Ainda sou casada
com ele, temos três filhas. Meu marido sempre me tratou com frieza. Eu tinha
depressão e, quando entrava em crise, ele desdenhava de mim. Quando eu choro,
ele vira as costas porque não tem paciência. Faz piadas com a minha aparência e
tirou sarro do meu corpo quando estava grávida. Fui abusada por ele por quatro
anos. Não queria fazer sexo e, quando negava, ele reagia mal, bufava de raiva.
Como eu não trabalhava, ele dizia que minha obrigação era transar com ele, já
que ele me dava comida. Eu dizia: 'Faz o que você quiser, então. Eu não quero.
E ele transava comigo sem que eu esboçasse uma reação sequer", Jéssica*, 28 anos, estudante.
Abuso de poder.
"O casal pode se
distanciar quando uma das pessoas ganha mais que a outra. É horrível quando uma
das partes precisa pedir autorização antes de comprar qualquer coisa. Isso
influencia a autoestima e coloca a pessoa em uma posição de dependência. Já
passei por isso e é muito pior que traição", Julia Petroni, 32 anos,
psicóloga.
Ter que mendigar
atenção.
"Namorei um cara
que sempre preferia fazer coisas com outras pessoas a sair comigo. Ele não me
incluía em programações, era intolerante quanto às minhas convicções e me
deixava muito insegura. Além de sempre tentar me inferiorizar", Rachel
Matos, 29 anos, estudante.
*O
nome publicado na reportagem é fictício e visa preservar a identidade da
personagem.
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