Os atletas vêm se
esforçando cada vez mais para irem além das provas de 10 km e desafiar
uma meia-maratona, mas nesse caminho,
muitos vêm sendo acusados com fratura por estresse por consultórios
especializados.
Ana Paula Simões,
mestre em ortopedia e traumatologia pela Santa Casa de São Paulo, informa que
10% das fraturas esportivas ocorrem por estresse. “As fraturas por estresse são
causadas por uma multiplicidade de fatores. Mas o que mais vejo são pessoas que
começaram a aumentar a planilha de treinos repentinamente”, diz.
A fratura por estresse
ocorre quando o osso é submetido a cargas muito intensas e não suporta tamanha
pressão. A sobrecarga e o aumento do impacto fragilizam o osso a ponto de
fazê-lo trincar e quebrar.
Segundo Ana Paula, os
pacientes acometidos por esse tipo de fratura frequentemente possuem algum grau
de fraqueza muscular. “Se o músculo não tiver capacidade de absorver o impacto,
a energia fica retida nos ossos, que perdem a capacidade de impulsionar o
corpo”, completa.
O peso é outro agente
determinante. Muitos dos que praticam atividades físicas o fazem por causa do
sobrepeso, que transfere essa sobrecarga à estrutura óssea. “Há outras causas,
como variáveis genéticas, problemas hormonais, uso de drogas”, afirma a
ortopedista.
Fratura por estresse em
mulheres é mais comum.
Os casos também
aumentam com o crescimento da participação feminina nas corridas. Em mulheres é
mais comum a fratura por conta das alterações hormonais decorrentes da
atividade esportiva. “As alterações hormonais associam-se as mudanças
nutricionais. Em muitos dos casos, baixa bastante a entrada de minerais, que
desencadeia o enfraquecimento do osso”, assinala Ana Paula.
Evelyn Vaz do Amaral,
de 40 anos, é uma das atletas que passaram pelo consultório de Ana Paula. Ela
participou de uma prova dominical de 9 km, à qual somaria um trecho de treino
de 5 km para cumprir 14 km. No sétimo quilômetro, as dores começaram a atacá-la
e a ressonância mostrou uma fratura por estresse na tíbia.
De acordo com Ana
Paula, dependendo do grau da fratura, a recuperação não demanda tanto tempo e a
cicatrização ocorre entre quatro e seis semanas. Evelyn ficará afastada dos
treinos de corrida por um mês. “Acho que pensei muito na prova e me esqueci de
outras coisas”, reflete a corredora.
Já em casos de fraturas
em zonas de difícil consolidação, é necessária cirurgia. Para estimular a
consolidação óssea, os médicos adotam ingestão de cálcio, estimulação por ondas
de choque e até a infusão de células mesenquimais, um método ainda
experimental. No combate à dor, a acupuntura é uma excelente aliada quando há
dores fortes.
Entre as causas, a
única que não dá para corrigir é a genética. Nesse caso, a saída é usar cálcio
e tomar vitamina D. Além de buscar fortalecimento muscular e atentar à saúde
dos ossos, o corredor deve verificar o que pode fazer para reduzir o impacto.
Procurar informações
sobre modelos de tênis mais compatíveis às suas necessidades particulares é
fundamental. De acordo com Ana Paula, também é importante variar o tipo de
terreno, procurando outras alternativas, como grama, areia, terra.
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