A bronquiolite é
uma inflamação dos bronquíolos, que são a parte final dos brônquios. Eles ficam
antes dos alvéolos, onde é feita a troca de oxigênio pelo gás carbônico. Quando
nos referimos a essa doença, em geral falamos do tipo mais comum, que é a
bronquiolite viral aguda, que acomete crianças nos
dois primeiros anos de vida – inclusive, essa é a principal causa de internação
de menores de 1 ano no mundo. Vamos saber mais sobre essa condição?
O
que leva à bronquiolite.
Ela é causada por
vírus. O principal atende pelo nome de vírus sincicial respiratório,
e é responsável por 40 a 80% dos casos. Vários outros tipos, porém, podem
provocar a doença.
Os
sintomas.
Normalmente o quadro é
precedido por sintomas de vias aéreas superiores, como nariz escorrendo. E pode
(ou não) ocorrer febre.
Na evolução do problema, a inflamação dos bronquíolos causa sua obstrução, o
que dificulta a passagem do ar. Daí surgem tosse, dificuldade respiratória e
chiado no peito.
A doença pode ser desde
muito leve, com secreção nasal e tosse discreta, até grave, com insuficiência
respiratória e necessidade de internação. Para ter ideia, 5% das
crianças com bronquiolite necessitam de internação e, dessas, 2% vão à óbito.
Os
fatores de risco para ter a forma grave da bronquiolite.
Uma evolução ruim do
quadro é associada a questões como prematuridade, tabagismo passivo, baixa
idade, ausência de aleitamento
materno, doença pulmonar crônica, cardiopatia congênita e
ser do sexo masculino.
Cabe lembrar, no
entanto, que a maior parte das crianças internadas por bronquiolite não
apresenta nenhuma dessas condições.
Recentemente, realizei
uma pesquisa na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
no interior paulista, e nosso grupo de trabalho demonstrou que existem fatores
genéticos que contribuem com a gravidade da bronquiolite. O estudo foi
publicado na revista científica Gene.
O
diagnóstico.
Ele é baseado na
história clínica e na avaliação física. Ou seja, não é necessário nenhum exame para
confirmar a doença. A detecção do vírus é
um exame útil, mas não fundamental. A radiografia de tórax e os testes de
sangue não devem ser recomendados como rotina – são indicados apenas para casos
de evolução grave.
O
tratamento.
A bronquiolite
geralmente é auto-limitada e o tratamento depende da gravidade da doença. A maioria
das crianças pode ser acompanhada em casa. Mas, caso a decisão do pediatra seja
essa, é importante que ele tranquilize os pais e esclareça sobre os sinais de
alerta que podem indicar a evolução da doença e, assim, a necessidade de uma
reavaliação.
Entre os sintomas que
merecem atenção estão: dificuldade respiratória, aumento da frequência
respiratória e utilização da musculatura acessória para respirar – que é
evidenciada pela retração entre as costelas e da fúrcula, o espaço logo acima
do esterno, o osso do peito. Além de um abatimento excessivo da criança e
recusa em se alimentar e hidratar.
A internação será
necessária se ocorrer desconforto respiratório grave ou incapacidade para
manter a hidratação adequada. Aqueles que apresentam os fatores de risco
citados anteriormente, porém, podem precisar de internação em um estágio mais
precoce da doença.
Quando a internação
ocorre, o principal aspecto do tratamento é o suporte com oxigênio, feito
geralmente através de um cateter nasal – às vezes é preciso administrá-lo de
forma mais invasiva. Além disso, deve ser mantida uma hidratação adequada,
preferencialmente por via oral.
Se a criança apresentar
dificuldade na alimentação, opta-se pelo uso de sonda nasogástrica ou
hidratação endovenosa. A aspiração cuidadosa das narinas e a higiene nasal com
solução salina são atitudes benéficas. As diretrizes atuais não recomendam a
fisioterapia respiratória na bronquiolite não complicada.
Por ser uma doença
viral, não há nenhuma necessidade de oferecer antibióticos à criança. Também
está provado que não há nenhum benefício em administrar broncodilatores
inalatórios, epinefrina inalatória ou corticoides, seja via inalatória, oral ou
endovenosa.
*** Dr. Alfonso Eduardo Alvarez é
pneumologista pediátrico, mestre e doutor em Saúde da Criança e do Adolescente
e presidente do Departamento de Pneumologia da Sociedade de Pediatria
de São Paulo.
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