FONTE: CAROLINA PISCINA, DR. JAIRO BOUER, https://doutorjairo.uol.com.br/
Quantas vezes nós, mulheres, já nos pegamos pensando ou
até mesmo dizendo para as amigas que “hoje ele merece, vou transar”. Ou, então,
dizendo para o próprio parceiro “hoje não tem, você não está merecendo”? Este
hábito, de tratar o sexo como uma moeda de troca, relacionada a atitudes do
outro, muitas vezes está incrustrado em nosso inconsciente e nem mesmo
sabemos por que agimos assim. Afinal,
fomos ensinadas a pensar dessa forma.
Enquanto os homens, em geral, têm grande facilidade em
encarar o sexo apenas como forma de prazer, as mulheres, por vezes, podem
sentir dificuldade em encarar da mesma maneira. Esta diferença de interpretação
pode até mesmo causar problemas e dificuldades na relação a
dois, quando o homem “sempre quer” transar e a mulher parece relacionar o
momento a datas especiais ou atitudes do parceiro.
“Temos uma educação onde o prazer feminino é visto, desde
muito cedo, como sendo sujo, feio e proibido. Desassociar isso na vida adulta é
muito difícil e ainda temos a entrada de outro quesito, a obrigação, que muitas
vezes se sobrepõe ao prazer”, explica a socióloga e psicanalista Renata
Passini.
Segundo a especialista, desde cedo as mulheres aprendem a
supervalorizar a virgindade feminina, que só deve ser concedida a alguém muito
especial e em um momento certo. Isto não é propriamente ruim, mas se torna algo
nocivo à mulher quando ela passa a relacionar o sexo com o merecimento do
outro, deixando o seu próprio prazer e desejo de lado.
Isso também vale quando o sexo é usado como forma de punição, quando o objetivo
da relação sexual, que é o prazer, acaba dando lugar a uma objetificação do ato
sexual e da vagina.
Como mudar essa relação?
Passar a encarar o próprio corpo como forma de prazer, e
o sexo como um ato voltado para isso, é um longo processo. De acordo com
Passini, isto requer não só uma mudança de pensamentos, mas também passar
a conhecer o seu próprio corpo,
se tocar e perceber o que sente. Desta forma, será possível passar a perceber
quais são as sensações que causam prazer e até mesmo o direcionamento do
parceiro para o que ela mesma gosta e quer durante a relação sexual.
Uma outra preocupação que pode surgir nesse processo
é a libido. Afinal, se a mulher
deve passar a tratar o sexo como prazer e não mais relacioná-lo a datas
especiais ou atitudes do parceiro, pode surgir a dúvida sobre como aumentar o
desejo pelas relações íntimas.
“Antes de tudo, é preciso entender que libido e desejo,
apesar de andarem juntos, são coisas diferentes. A libido vem da energia,
ela é quem direciona as funções vitais, seja da outra pessoa ou do próprio
corpo. Já o desejo surge independentemente da intenção, ele vem do inconsciente
e está relacionado à realização”, afirma a psicanalista.
Sendo assim, olhar para si mesma, para o seu estilo de
vida, seus hábitos alimentares e níveis de estresse, por
exemplo, são passos que parecem nada ter a ver com o sexo, mas podem fazer
diferença. Outra dica valiosa é estar em ambientes que te dão prazer e ajudam a
estimular desejos, como preparar o quarto com luzes, velas e uma música que te
estimulem a curtir o momento.
Por fim, Passini ressalta que é importante ouvir a si
mesma e também questionar as relações, no
sentido de pensar em como você se relaciona, ouvir e conversar com o parceiro,
assim como refletir sobre o que te faz ou o que te leva a punir o outro ou a si
próprio.
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