FONTE: Do UOL, em São Paulo
(noticias.uol.com.br).
Uma nova molécula
descoberta por cientistas brasileiros pode reduzir em até 80% a dor causada por
inflamações agudas e crônicas provenientes de diabetes, artrite ou artrose,
informou a Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo).
Em testes feitos com
animais, a molécula mostrou capacidade para agir em dores neuropáticas,
associadas ao sistema nervoso central, como lesão no nervo ciático ou pelo
efeito de drogas quimioterápicas, com índice de redução da dor de até 60%.
A descoberta abre
caminhos para a produção de remédios com menos efeitos colaterais contra dor
causada por processos inflamatórios, segundo pesquisadores do Centro de
Pesquisa em Doenças Inflamatórias vinculado à Fapesp, que faz o estudo em
parceria com o laboratório farmacêutico italiano Dompé.
Parte dos resultados
dos testes pré-clínicos foi divulgada em artigo publicado em novembro na
revista "PNAS" (Proceedings of the National Academy of Sciences).
"Estamos, no
momento, realizando os testes toxicológicos e, caso sejam bem-sucedidos,
poderemos planejar ensaios clínicos. Nosso objetivo é desenvolver um novo
medicamento para dor com menos efeitos adversos que os anti-inflamatórios hoje
disponíveis", afirmou Thiago Mattar Cunha, professor da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e autor do
artigo, à agência Fapesp.
A nova droga tem como
alvo um peptídeo conhecido como C5a, que desempenha papel mediador na dor
inflamatória.
Para desempenhar seus
efeitos biológicos, o peptídeo precisa se ligar a um receptor acoplados a
proteínas -- importantes para a sinalização celular -- e que expresso em
diversos tipos de células.
"Tivemos então a
ideia de desenvolver uma molécula que, ao bloquear esse receptor, tivesse ação
analgésica", disse Cunha.
A molécula conhecida
como DF2593A foi aplicada por via oral em animais com inflamação crônica e
aguda.
"O mais
interessante é que o composto foi capaz de bloquear a dor inflamatória sem
afetar a dor fisiológica, que é importante para a sobrevivência. Ou seja, a
capacidade de resposta a um estímulo doloroso se manteve nos animais não
inflamados, quando tratados com DF2593A, o que não acontece quando se
administra derivados de morfina, por exemplo", afirmou Cunha.
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