quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

CANABIDIOL “DÁ BARATO“? MACONHA VICIA? VEJA PERGUNTAS E RESPOSTAS...

FONTE: Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).

O Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou nesta quinta-feira os médicos de todo Brasil a prescreverem o uso do canabidiol (substância derivada da maconha) para casos graves de epilepsia em crianças e adolescentes. Isso facilitará a obtenção de autorização de importação do produto via judicial.

Apesar da decisão, o canabidiol ainda não está na lista de substâncias permitidas pela Anvisa, podendo apenas ser importado. Além disso, o uso da cannabis in natura continua vedado no país.
Canabidiol dá barato? Maconha vicia? Tire suas dúvidas
  • O que é o CBD e por que ele se popularizou?
O canabidiol (CBD) é uma substância extraída da maconha, que é proibida no Brasil. Seu uso para tratar doenças neurológicas graves, especialmente crianças com epilepsia, popularizou-se após o documentário "Weed", da CNN, que mostra como a substância mudou a vida de uma menina. Aqui no Brasil a mãe de Any Fischer, 5, que sofre de problema genético raro, também fez filme sobre o tema.
  • O canabidiol dá "barato"?
O CBD não dá "barato". Seu único efeito colateral conhecido é causar sono. Estudos comprovam os benefícios dos princípios ativos da maconha, incluindo o delta-9-THC, mas como qualquer droga têm efeitos tóxicos dependendo da forma e quantidade administrada. O consumo irrestrito é preocupante, especialmente em caso de transtorno mental grave (bipolaridade e esquizofrenia).
  • Esse poder da maconha já era conhecido?
"Até o século 20, a maconha era considerada um excelente medicamento, uma divindade. O médico da rainha Vitória, do Reino Unido, divulgava isso publicamente. Os brasileiros também podiam comprar em farmácias cigarros de maconha importados da França", conta o especialista em psicofarmacologia Elisaldo Carlini. "De medicamento poderoso, se transformou na erva maldita", mas sem base científica, diz.
  • Onde se usa a maconha medicinal?
O uso medicinal da maconha já é realidade em diversos países, como Canadá, Holanda, França, Reino Unido e Israel. Nos Estados Unidos, a utilização de medicamentos à base dos princípios ativos da planta também é permitida, mas está restrita a alguns Estados. A pioneira no país é a Califórnia, que desde 1996 aprova o uso para tratar pacientes com Aids, câncer, esclerose múltipla e outros distúrbios.
  • Qual a posição da Anvisa?
A Anvisa não liberou o CBD por achar que faltam pesquisas sobre ele e uma investigação sobre como é usado no exterior. Isso, porém, dificulta a pesquisa no Brasil e prejudica a importação por pacientes, que dependem de autorização caso a caso, mediante prescrição médica, laudo sobre o paciente e a necessidade da droga e um termo de responsabilidade assinado pelo médico.
  • Como usar?
Não há consenso. Algumas pesquisas mostram que o ideal é fumar um cigarro feita de uma mistura de componentes da maconha, Outras indicam que é mais eficiente pegar cada componente, isolar em laboratório e fazer comprimidos. E há quem defenda colocar no vaporizador para que a fumaça seja inalada, sem fumar.
  • Há outras indicações terapêuticas?
Estudos mostram que a maconha medicinal pode ser muito importante no tratamento da dor crônica, de espasmos musculares, de esclerose múltipla e de astenia (pacientes sem apetite) causada por HIV e câncer. Também tem efeito direto sobre as células do câncer e efeitos antitumorais.
  • Quais os entraves para a maconha terapêutica?
Os médicos podem ter dificuldades de prescrever o medicamento já que ainda não há no mercado nenhum feito puramente com canabidiol. Segundo a Anvisa, o Epidiolex (98% de canabidiol modificado) e o Sativex (2% de canabinóides) têm THC na composição e não estariam liberados. Com a decisão do CFM, porém, os médicos não correm risco de perder o registro se receitarem a droga.
  • E a maconha vicia?
Apesar de ser uma droga com baixa incidência de dependência, ela tem sim potencial para viciar. Estima-se que 10% dos que experimentam acabem se tornando dependentes; o número para quem experimenta heroína chega a 90%. "Em geral, quem começa mais cedo tem mais risco de se tornar dependente e desenvolver quadros psicóticos, de alucinações e delírios", diz o psiquiatra Thiago Marques Fidalgo.
  • Ela pode combater outros vícios?
Embora existam algumas experiências e até pesquisas científicas apontando nesse sentido, usar a maconha para se livrar de outros vícios é contestável sob o ponto de vista médico, diz o psiquiatra Ivan Mario Braun. "Existem outros tratamentos melhores, mais aceitos. Não faz sentido você passar de uma droga para outra. A verdade é que o consumo de maconha é extremamente prejudicial à saúde".
  • Maconha queima neurônio?
Estudos comprovam que fumar maconha antes dos 15 anos diminui o QI, mas mostram que, após os 20 anos, a não há problemas cognitivos. "Tem a ver com a maturação do cérebro, porque na adolescência ele ainda está terminando de se formar. Entre os 15 e os 20 anos é uma faixa nebulosa, onde não foi possível comprovar o impacto. Ainda assim, é uma idade de risco", diz o psiquiatra Thiago Marques Fidalgo.
  • Pode causar câncer, problemas do coração ou infertilidade?

A maconha possuiu substâncias cancerígenas, assim como o tabaco, muitas em maior concentração, e pode causar danos ao coração, já que acelera os batimentos. A diferença é que as pessoas tendem a fumar muito mais cigarro que maconha. Pesquisas apontam ainda que ela pode diminuir a quantidade de espermatozoides e fazer com que eles se movam mais lentamente, mas não há comprovação de infertilidade. 

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