FONTE: Maria Fernanda Ziegler - enviada a São
Francisco *, TRIBUNA DA BAHIA.
Novas terapias e combinações de formas de
tratamento dão esperança a diferentes grupos de pacientes com leucemia. De
acordo com pesquisadores, não existe um modo único de tratar o câncer no
glóbulos brancos do sangue, o tratamento vai estar muito ligado ao tipo de
leucemia e ao tipo de paciente.
Nos
últimos anos, o que se viu não foi só a melhora global do tratamento contra a
doença, mais também a inovação em terapias para subgrupos de pacientes
tradicionalmente mais vulneráveis como idosos, pacientes com mutações genéticas
mais agressivas e também um avanço no tratamento para adolescentes e jovens
adultos. Os resultados são muito positivos.
Estudos
apresentados na reunião da Sociedade Americana de Hematologia, em San Francisco
(EUA), sugerem que a combinação de novos agentes na quimioterapia podem ser
eficazes no tratamento de pacientes jovens recém-diagnosticados ou idosos com
leucemia aguda.
Outras
pesquisas apontam que adolescentes e adultos jovens podem responder melhor ao
tratamento com um regime de quimioterapia comum a crianças, em vez de com
regimes adultos padrão.
Para
David Steensma, moderador da mesa de debates e pesquisador do Instituto de
Câncer Dana-Faber, em Boston (EUA), o estudo realizado por Eytan M. Stein,
oncologista do Memorial Sloan Kettering Cancer Center é muito inovador.
Aproximadamente
15% dos pacientes de leucemia mielóide aguda têm uma forma mutante do gene
IDH2. O gene normalmente faz com que uma proteína desempenhe um papel
fundamental no metabolismo celular. No entanto, quando o gene está mutado, um
processo faz com que os glóbulos brancos se acumulem, ocasionando a leucemia
aguda.
O grupo
de Stein conseguiu desenvolver uma droga que bloqueia este processo fazendo com
que os glóbulos brancos se desenvolvam normalmente. O estudo foi feito com 45
pacientes com este tipo de doença.
"Os
resultados preliminares neste tipo de paciente difícil de tratar demonstram que
ao inibir o gene mutante podemos transformar celulas de leucemia em células
saudáveis e erradicar a doença sem o uso da quimioterapia. Ao direcionarmos o
tratamento para gene específico da doença, conseguimos aumentar a eficácia,
aumentando a expectativa de vida do paciente e minimizando a toxicidade do
tratamento”, afirma Stein.
Quando menos é mais.
Um
estudo realizado com 296 pacientes entre 16 e 39 anos com Leucemia linfóide
aguda – doença caracterizada pela produção maligna de linfócitos imaturos na
medula óssea – mostrou o tratamento pediátrico também é indicado para
adolescentes e jovens adultos. Após dois anos de acompanhamento, 78% dos
pacientes sobreviveram e 66% não tiveram recidiva.
Normalmente,
apenas 39% dos pacientes nestas faixas etárias (16-39) sobrevivem (e sem
recidiva), seguindo o tratamento tradicional.
"Os
resultados mostram que existe uma oportunidade de melhorarmos o tratamento de
adolescentes e jovens adultos ao se seguir o protocolo de tratamento
pediátrico. O próximo passo é focar a pesquisa em novas avaliações sobre a
combinação de tratamento para reduzir a doença residual nesses pacientes”,
afirma a autora do estudo Wendy Stock, da Universidade de Chicago.
“O que
vemos hoje é que as coisas estão melhorando [para o tratamento da leucemia].
Não de forma uniforme e para todo o tipo de paciente. Mas muitos ainda são
tratados com quimioterapia sem obter sucesso. É sem dúvidas muito interessante
ver que existe cada vez mais novos tratamentos posssíveis”, afirma David
Steensma, moderador da mesa de debates e pesquisador do Instituto de Câncer
Dana-Faber, em Boston (EUA).
Steensma
acredita que o desafio de médicos e pesquisadores será em entender cada vez
mais distinguir como os vários subtipos da leucemia pode afetar determinados
pacientes para que novas abordagens sejam criadas.
* a repórter viajou a convite da Celgene.
Nenhum comentário:
Postar um comentário