FONTE: Do UOL, Em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Uma nova terapia
genética não só ajudou ratos cegos a recuperarem a visão o suficiente para ter
sensibilidade à luz intermitente, distinguindo flashes da escuridão, como
também restaurou a resposta de luz para retinas de cães que não enxergavam. A
descoberta é um avanço para os cientista que estudam este tipo de terapia em
humanos cegos.
O método utiliza um
vírus para inserir um gene no canal das células cegas da retina, aquelas que
sobrevivem depois que as células fotorreceptoras (sensíveis a luz) morreram.
Nos humanos, essas
células fotorreceptoras morrem como resultado de doenças --como a retinite
pigmentosa, um distúrbio raro no qual a retina degenera de modo lento e
progressivo, levando finalmente à cegueira.
Os cientistas
colocaram photoswitches (produtos químicos que mudam de forma quando recebem
estímulos de luz) nos canais iônicos dos olhos, para deixá-los abertos para as
respostas aos flashes de luz. Isto ativa as células da retina e restaura a
sensibilidade da visão.
Em um artigo
publicado na edição antecipada da revista Proceedings, da Academia Nacional de
Ciências da Universidade da Califórnia (EUA), os cientistas que relataram a
terapia de photoswitch, enquanto pesquisadores da visão humana da Escola de
Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia (PennVet) contaram que
ratos cegos recuperaram a capacidade de percorrer os labirintos até encontrar
água sem ter dificuldades.
Segundo os
pesquisadores, a versão mais recente do photoswitch foi rápida o suficiente
para transformar a atividade dos neurônios da retina em uma taxa que se
aproxima de um vídeo de 30 quadros por segundo.
O tratamento
funcionou também para restaurar a resposta de luz para as retinas degeneradas
de cães, indicando que o tratamento pode ser viável na recuperação de alguma
sensibilidade de luz em seres humanos que não pode ver.
"O cão tem uma
retina muito semelhante à nossa, muito mais do que os ratos. Por isso, agora
temos que investir em reanimar retinas de cachorros cegos e analisar se o
tratamento tem a mesma velocidade de resposta e garante a mesma
sensibilidade", disse o principal pesquisador do estudo Ehud Isacoff,
professor de biologia molecular e celular na Universidade de Berkeley.
Os cães foram
escolhidos porque herdaram uma doença genética causada pelo mesmo defeito
genético que a retinite pigmentosa provoca em humanos.
Vários deles foram
tratados e estão em fases de testes para determinar qual o grau de
sensibilidade à luz alcançado. "Camundongos não são animais muito visuais,
o comportamento deles é em grande parte determinados por impulsos de outros
sentidos. Os cachorros têm um sistema visual muito sofisticado e por isso são
usados para testes de terapia genética oftálmica", explica John Flannery,
professor de ciência da visão e biologia celular e molecular na Universidade de
Berkeley envolvido no projeto.
Os pesquisadores
continuam a estudar os efeitos do tratamento nos animais, tanto em ratos quanto
em cães, para melhorar o photoswitch e desenvolver outras formas de fixar o
produto químico a outros receptores, incluindo alguns que poderiam ajudar na
percepção de locais com luzes mais fracas.
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