FONTE: Maria Júlia Marques, Do UOL, em São Paulo, (http://estilo.uol.com.br).
Quando acontece algum "acidente de
percurso" durante o sexo, a resposta mais rápida para evitar a gravidez
não planejada pode ser a pílula do dia seguinte. Apesar de ter esse apelido, o
medicamento é chamado pelos médicos de contraceptivo de emergência e quando
usado excessivamente ou de forma incorreta pode não ser eficaz.
“Ela é eficaz, só não é bom manter o uso. Se você
tomou duas ou três vezes no mês um método de emergência tem algo errado, é
melhor ir ao médico e escolher um método contraceptivo mais adequado”, afirma
Maria Luísa Mendes, ginecologista do complexo hospitalar Edmundo Vasconcelos,
em São Paulo.
Veja como o método age:
1
Transei
sem camisinha, quando devo tomar a pílula?
Após o sexo
desprotegido, o quanto antes tomar melhor. Apesar do apelido, para ter a
eficácia máxima é bom não esperar até o dia seguinte, pois ela perde o poder de
ação com o passar do tempo. Maria afirma que é indicado usar até 12 horas após
o ocorrido. É possível tomar três dias depois, mas a eficácia pode ser reduzida
para perto de 50%. Então, a pessoa pode engravidar mesmo tomando a pílula do
dia seguinte, se não fizer o uso correto.
2
É
necessária receita médica?
Não, você pode
comprar os comprimidos em qualquer farmácia. Além disso, é possível conseguir a
pílula em postos de saúde ou prontos-socorros, também sem receita. Existem remédios
de dose única e de duas doses, uma 12 horas depois da outra. Ambos têm eficácia
e funcionamento similar.
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Como
a pílula do dia seguinte funciona?
O que acontece é
um pico hormonal, explica Luiz Fernando Leite, obstetra do hospital e
maternidade Santa Joana, em São Paulo. A pílula tem uma alta dose de hormônios
femininos (variando de remédios só com progesterona ou com progesterona e
estrógeno) e nosso corpo leva um "susto". O aumento desproporcional
causa respostas como retardo da ovulação, alteração do muco da vagina, que se
torna hostil para espermatozoides, e descamação do endométrio, tecido que
recobre o útero para receber a gravidez e dá origem a menstruação, inibindo,
assim, a fecundação.
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Existem
efeitos colaterais?
A pílula desregula
o sistema hormonal da pessoa, bagunça as datas da menstruação, causa
sensibilidade nos seios, pode ter inchaço, dor de cabeça e mal-estar, de acordo
com a ginecologista e obstetra Márcia Araújo, da Faculdade de Medicina da USP
(Universidade de São Paulo). As respostas podem variar de mulher para mulher.
5
Posso
tomar sempre?
O correto é tomar
apenas uma vez, no momento da emergência. Caso você repita muitas vezes é
importante buscar ajuda médica para a escolha de um método anticoncepcional.
"Tomar mais de uma vez causa picos de hormônios que o corpo não
compreende, o sistema nervoso não entende e a paciente pode ter disfunção
menstrual, que é uma menstruação muito irregular", diz Leite. Além disso
tudo, o medicamento pode perder parte da eficácia com o uso constante.
6
Se
tomar na sexta e fizer sexo sem proteção sábado, tudo bem?
A pílula também
não chama "do dia anterior", ela só é eficaz para a última relação
sexual antes de sua ingestão. É impossível saber com exatidão o momento em que
você ovulou. Mesmo com a pílula deixando seu organismo desfavorável, você pode
ter ovulado no dia seguinte, após tomar o remédio, e o sexo desprotegido pode,
sim, acabar em gravidez.
7
A
menstruação aparece logo depois da pílula do dia seguinte?
Depende. Caso você
tenha feito uso do medicamento logo após a menstruação, pode ser que nada
apareça tão cedo, uma vez que você acabou de menstruar e pode não ter mais nada
para sair. Agora, se você estiver perto da data da menstruação, ela pode
adiantar. Tudo depende do momento do ciclo em que a pílula foi usada e de como
seu organismo reagiu. Se a menstruação atrasar, é indicado ir ao médico.
8
Tomei
a pílula do dia seguinte, devo parar de tomar a anticoncepcional?
O melhor é parar
de tomar a pílula anticoncepcional. Como a do dia seguinte causa uma grande
alteração hormonal, o indicado é aguardar a menstruação sem tomar a pílula
anticoncepcional. Depois da menstruação, pode iniciar outra cartela.
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E
se tomar a pílula do dia seguinte com outros remédios?
Alguns
medicamentos podem interferir na absorção e metabolização da pílula, segundo
Márcia. Antibióticos, calmantes, anestésicos e remédios para dormir devem ser
evitados. "Também é importante saber que, se a mulher vomita ou tem
diarreia logo após tomar a pílula do seguinte, pode haver problemas. Mesmo
absorvida, ela acaba eliminada mais rápido do que o recomendado e deixa de ser
tão efetiva", afirma a médica. Com a eliminação precoce, pode ser que o
remédio não seja absorvido e metabolizado da maneira correta e você fica
vulnerável à falha.
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Se
engravidar, ter tomado a pílula afeta o bebê?
Não! Os médicos
afirmam que não existem riscos para os fetos caso a fecundação ocorra. As
pílulas são feitas com doses de hormônios comuns nas mulheres e não interferemna
saúde do feto. "A maioria das pílulas é só com progesterona, que é o
hormônio que a mulher produz a gravidez toda, não há risco", diz Maria.
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A
pílula do dia seguinte potencializa casos gravidez fora do útero?
Mito. A gravidez
ectópica acontece quando o óvulo é fertilizado fora do útero. O mais comum é
que isso aconteça nas trompas de falópio, um tubo que leva os óvulos dos
ovários para o útero. A pílula do dia seguinte desfavorece o ambiente no útero,
mas nesses casos o óvulo ainda nem chegou nele. "Acontece antes do óvulo
chegar ao útero, não tem como o óvulo caminhar até o útero, sentir o ambiente
hostil causado pela pílula e aí esperar o espermatozoide nas trompas. Isso não
existe, ele não volta, não dá ré, ele fecunda antes de chegar ao útero",
explica Maria.
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