FONTE: Thamires Andrade, Do VivaBem, em São Paulo, http://vivabem.uol.com.br
Você já deve ter ouvido que os anéis de latinhas
de refrigerante, cerveja e cia. podem ser trocados por cadeira de rodas. Esse
papo existe há décadas. Mas será que é verdade?
Sim, foi graças a uma ação como essa que Gabriel
Lima de Azevedo, de 13 anos, ganhou uma nova cadeira sob medida, bem mais leve
do que a anterior.
O garoto precisa da cadeira para se locomover
desde os dois anos de idade e a última que usava era muito pequena para seu
tamanho. “Estava difícil andar com ela, ficava com dores nas costas. Ganhei a
cadeira nova há um mês. Agora, consigo andar sozinho com ela, subir a quina da
rua e não tenho mais dores”, conta.
Ele foi uma das crianças que recebeu a cadeira da
ONG Entre Rodas, que lançou a campanha #NÃOÉMITO para mostrar como os anéis de
latinha "viram" cadeiras de rodas.
“Nós coletamos os lacres e deixamos eles com uma
cooperativa que, por sua vez, vende para uma empresa que reaproveita o
alumínio. Eles pesam todo o produto e transferem o dinheiro para comprarmos as
cadeiras”, explica Elaine Lemos, diretora da ONG.
Elaine explica que há entidades que reúnem os lacres
e trocam por cadeira de rodas de ferro --como as encontradas em hospitais,
igrejas e prédios comerciais. A diferença é que o instituto foca em doar
cadeiras sob medida para os pequenos.
“Essas cadeiras [de ferro] não são adequadas para
crianças. A que doamos possibilita que ela equilibre melhor tronco, é leve e
facilita a mobilidade. A criança consegue dançar, correr e participar de aulas
de educação física”, exemplifica.
Espera por cadeira prejudica o desenvolvimento.
Segundo o IBGE, mais de 120 mil crianças
brasileiras precisam de uma cadeira de rodas para se locomover. E a fila de
espera no SUS varia de dois a cinco anos, segundo o Instituto Mara Gabrilli.
Elaine afirma que isso é muito prejudicial para o
processo de desenvolvimento e amadurecimento neurológico das crianças, sem
contar que reduz bastante a qualidade de vida. “Ficar muito tempo em uma
cadeira inadequada é um retrocesso. A criança precisa descobrir o potencial do
seu corpo”, ressalta.
A cadeira sob medida do Instituto Entre Rodas é
destinada para crianças inscritas na ONG, que tenham de cinco a 14 anos de
idade e estejam regularmente matriculadas na escola. Elas, inclusive, escolhem
a cor da cadeira que recebem.
O produto tem o custo de R$ 5.400, mas o fabricante
subsidia metade do valor. Ou seja, a ONG ainda precisa arrecadar R$ 2.700.
Elaine explica que há duas maneiras para
conseguir o dinheiro: por meio da venda dos lacres ou de um financiamento coletivo. A ONG aderiu a esse segundo método
pois muitos anéis de latinhas são necessários para alcançar o valor.
“Preciso de 800 kg para conseguir pagar a metade
da cadeira. Esse peso equivale a 3 milhões e duzentos mil lacres. Por isso, as
pessoas precisam se conscientizar de doar. Cada hora que você abre uma latinha,
uma criança pode ganhar uma cadeira. Sem contar que o descarte correto também
ajuda o meio ambiente”, fala.
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