"Puro malte é
sinônimo de cerveja boa", será uma verdade?
Em tempos de boatos e
notícias falsas divulgadas em todos os meios, nos deparamos com dezenas de
informações fantasiosas e incorretas, e nem a cerveja escapa dessa onda.
Para ajudar os
apaixonados por esta bebida tão apreciada pelos brasileiros, um time de
mestre-cervejeiros esclarecem alguns dos principais boatos que circulam
por aí. Não caia em pegadinhas de 1° de abril e veja abaixo os esclarecimentos
dos responsáveis por alguns dos principais rótulos do país:
Cerveja puro malte é
melhor.
A lista de ingredientes
de cada cerveja depende do estilo e do perfil sensorial que o mestre-cervejeiro
quer obter. Um exemplo: algumas das mais renomadas e clássicas cervejas belgas
são “turbinadas” com açúcar para atingir um alto grau alcoólico sem ficarem
encorpadas demais. Quanto aos cereais não maltados, famosos nas cervejas do
tipo pilsen, eles estão de acordo com as receitas previstas para a standard
american lager – nome técnico do estilo pilsen. O milho e o arroz, por
exemplo, têm a função de reduzir o corpo da cerveja, tornando-as mais leve e
mais fáceis de beber. O que determina a “qualidade” de uma cerveja é a escolha
dos ingredientes e o cuidado nas etapas de produção – Laura Aguiar,
mestre-cervejeira da Cervejaria Ambev.
Quanto mais escura,
mais forte é a cerveja.
Não se deixe enganar
pelos sentidos. Apesar da expectativa de uma bebida mais encorpada e forte,
isso nem sempre é verdade. Existem cervejas claras de teor alcoólico mais alto,
assim como cervejas escuras leves e refrescantes. A cor da cerveja é
determinada principalmente pela cor de seus ingredientes, principalmente o
malte. Ao final do processo de malteação do grão de cevada, ele pode sofrer um
processo de torra muito similar ao do café, e dependendo da intensidade e da
proporção determinadas pelo cervejeiro, poderá produzir uma cerveja mais clara,
acobreada ou escura – Alexandre Levy, mestre-cervejeiro da
Cervejaria Ambev.
Cervejarias pequenas
são “melhores”.
Devido à escala de
produção, as grandes cervejarias têm uma série de vantagens: acesso aos
melhores ingredientes, melhor distribuição mais tecnologia, investimento em
treinamento de funcionários e menor custo final por unidade – o que faz com que
o produto seja vendido e reposto rapidamente, resultando em cerveja mais fresca
na prateleira – Leonardo Antonelli,
mestre-cervejeiro de Craft Beer da Cervejaria Ambev.
O único motivo para o
uso de cereais não maltados é baratear a produção de cerveja.
O principal fator de
escolha do tipo de cereal que irá fazer parte da receita é a característica
final que o mestre-cervejeiro quer dar para a sua cerveja. Se quer uma cerveja
mais leve e refrescante, vai usar cereais não maltados, como milho e arroz, ao
lado da cevada. Se quer uma mais amarga, vai usar mais lúpulo, e assim por
diante. Mas tudo depende sempre da receita: existem cervejas mais rebuscadas e
caras que utilizam cereais não maltados em sua composição -Sybilla
Geraldi, mestre-cervejeira Bohemia.
Cerveja deve ser
servida sempre muito gelada.
Nesse caso a regra não
tem nada de clara, já que algumas cervejas trazem aromas e sensações que se
perdem quando estupidamente geladas. De forma geral, quanto mais forte e
encorpada a cerveja, menos fria ela deva estar. O que não significa que você
deva carregar um termômetro para conferir se o bar serve a bebida na
temperatura correta. Se bebeu e gostou, está valendo! Por serem leves e
delicadas, cervejas do estilo pilsen merecem ser servidas geladas. Mas quantos
graus? O brasileiro costuma beber cerveja no limite do congelamento, muito em
razão do nosso clima tropical, e não há nada errado nisso. Se você não gosta
assim, faça do seu jeito – Leon Maas, mestre-cervejeiro Brahma.
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