Especialistas
sugerem formas de tornar o processo mais saudável.
São Paulo - O fim de um
relacionamento dificilmente será atrelado a sentimentos bons, mesmo se a
decisão for sua. Mas, em vez de perpetuar sensações ruins --o que pode levar
até a problemas em futuras relações--, há formas de tornar o processo mais
saudável, ainda que não necessariamente menos doloroso.
Lutar contra o
sentimento de luto é uma das primeiras atitudes que pode complicar o término,
diz Christian Dunker, psicanalista e professor da USP. Relembrar, eis a
primeira dica para uma "boa" separação.
Segundo Dunker, não é
saudável achar que terminar bem uma relação é deletar a outra pessoa da vida
--e do Facebook, Whatsapp e Instagram.
"Você pode levar
aquela experiência consigo", afirma. Aprender com o relacionamento e seus
erros será bastante útil no futuro, inclusive, para não buscar os mesmos
padrões.
Outra ação que pode ser
importante para um fim mais tranquilo é a conversa --também uma das bases de
qualquer relacionamento saudável.
"O término, de
certa forma, é como o início. É feito a partir de uma aproximação, de uma
declaração de intenções", afirma o psicanalista. Dessa forma, conversar
sobre o fato com alguém --quase como um começo de namoro às avessas-- pode
auxiliar no processo.
Em rompimentos mais
complicados, um dos lados pode não aceitar --terreno fértil para frustração e
ressentimento. "Por mais que você saiba que acabou, que não tem mais
volta, quando você descobre que o outro está namorando ou vai casar, seu mundo
cai", diz Dunker.
Pode-se comparar isso à
ilusão infantil de que "alguém não morreu, está só viajando".
Um dos riscos de um término insalubre é achar que "para matar a tristeza, só mesa de bar", como dizia Reginaldo Rossi na música "Garçom".
Segundo Elko
Perissinotti, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas
da USP, não são incomuns as tentativas de afundar as angústias no álcool ou
outras drogas.
O psiquiatra diz que
vale prestar atenção em sinais como o estreitamento do campo de vida (ou seja,
a diminuição de atividades antes realizadas), crises de choro sem motivo, perda
de apetite ou comer demais, extremos do sono e irritabilidade.
"O ideal, muitas
vezes, é fazer psicoterapia", afirma Perissinotti. Em casos mais graves,
que podem descambar para quadros depressivos, até mesmo medicamentos, por algum
tempo, podem ser necessários.
A dica final de Dunker
é aproveitar a sensação que envolve o acontecimento. "No 1º momento é
aceitar, no 2º é dizer tchau. O 3º é a lembrança", resume.
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