O consumo de tabaco e
bebidas alcoólicas pode aumentar o risco de câncer de cabeça e pescoço. A
afirmação foi feita por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo (USP). Durante o trabalho científico, os
especialistas acompanharam 3964 portadores de câncer de cabeça e pescoço e 3097
pacientes com outras doenças que não o câncer.
Os números indicam que
os riscos decorrentes do tabagismo foram mais expressivos para câncer na
hipofaringe (parte inferior da faringe, abaixo da epiglote). Especialmente, em
indivíduos com padrão não exclusivo de consumo, ou seja, que consumiam mais de
um tipo de tabaco.
No consumo de bebidas
alcoólicas, foi observada maior associação do câncer de orofaringe (parte da
garganta logo atrás da oca) ao consumo de bebidas destiladas, que apresentam
teor alcoólico mais elevado. Já o uso conjunto de fumo e álcool aumentou
sensivelmente o risco de qualquer tipo de câncer de cabeça e pescoço.
De acordo com Suely
Sakaguti, uma das autoras do estudo, tanto o tabaco quanto as bebidas
alcoólicas apresentam algumas substâncias consideradas cancerígenas. Segundo
ela, graças às estratégias realizadas no Brasil, a prevalência do consumo de
cigarro industrial tem diminuído, embora as pessoas o busquem em outras formas
de apresentação, como charuto, cachimbo, narguilé e cigarros eletrônicos.
Já o consumo de álcool
tem crescido, principalmente entre os jovens. Portanto, é necessário alertar a
população sobre a relação entre o uso dessas drogas e possíveis agravos na
saúde, para que as pessoas tenham consciência dos seus hábitos de vida.
O estudo foi
epidemiológico caso-controle, no qual os cientistas partem da doença e
retrospectivamente comparam entre grupos a proporção à exposição ao fator de
interesse, no caso, álcool e tabaco. Esse método foi utilizado porque o câncer
é uma doença genética, um acúmulo de mutações ao longo do tempo.
Quando uma pessoa faz
consumo de bebidas alcoólicas e/ou tabaco, substâncias cancerígenas entram em
contato com o organismo. O corpo tem a capacidade de “biotransformá-las” e
expeli-las. Mas isso depende de fatores genéticos que ajudam nessa eliminação.
Quanto maior o consumo, maior a chance dessas substâncias se acumularem e se
unirem a moléculas de DNA, que é o processo inicial da doença.
A chance é ainda maior
para quem ingere álcool e tabaco em conjunto. A pesquisadora esclarece que, ao
entrar no nosso organismo, o etanol se transforma em acetaldeído, considerado
carcinogênico, além de facilitar a permeabilidade celular.
Então, se a pessoa fuma e bebe, as substâncias carcinogênicas do fumo terão sua
entrada facilitada pelo etanol. “O pontapé inicial ao câncer", afirma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário