segunda-feira, 22 de abril de 2019

UM TERÇO DAS CIDADES TEM MAIS APOSENTADOS DO QUE TRABALHADORES...


FONTE: *** , Salvador, https://www.trbn.com.br



Os dados são de levantamento feito, a pedido do GLOBO, pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).

     

Há cinco anos, Claudete Lopes Nascimento, de 67 anos, decidiu mudar de vida: trocou o agitado bairro de Itaquera, em São Paulo, pela pacata Iguape, no litoral sul paulista. Encontrou na cidade de 31 mil habitantes uma qualidade de vida impensável na maior metrópole do país. E, sem saber, ajudou a reforçar um fenômeno: uma em cada três cidades brasileiras já tem mais aposentados do INSS que trabalhadores com carteira assinada, que contribuem para o Regime Geral da Previdência Social. Os dados são de levantamento feito, a pedido do GLOBO, pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).

No fim de 2017, essa era a realidade de 1.874 cidades, 33% dos 5.570 municípios do país. Se também são consideradas cidades onde o número de aposentados é igual ao de ocupados no setor formal, esse percentual alcança 38%. Os dados foram extraídos de relatórios da Secretaria da Previdência e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).

Para especialistas, os números reforçam a necessidade da reforma da Previdência , que acaba com as aposentadorias precoces, deixando os trabalhadores mais tempo em atividade. São justamente as aposentadorias precoces que aprofundam o desequilíbrio entre o contingente de pessoas contribuindo para o sistema e o total de beneficiários. Além disso, os dados evidenciam a falta de dinamismo econômico das pequenas cidades, que convivem com alta informalidade — com trabalhadores que não contribuem para a Previdência — e sofrem com uma demanda cada vez maior por serviços com o envelhecimento da população.

“Você não sustenta uma economia com base na transferência de renda em aposentadoria. Há um lado bom, que é o benefício reduzir a pobreza e garantir renda básica, mas isso é insustentável a longo prazo”, diz o demógrafo José Eustáquio Alves. O cruzamentos de dados considera os beneficiários do INSS e os ocupados com carteira dos setores privado e público no ano de 2017.

Com um sistema atual de aposentadorias que caminha para se tornar insustentável — com um rombo de R$ 290,2 bilhões no ano passado —, estes municípios seriam os mais atingidos caso não seja feita uma reforma. “As mudanças que serão feitas são para garantir que o sistema conseguirá manter o pagamento dos benefícios no futuro”, diz Luís Eduardo Afonso, economista da USP. A alteração nas regras de aposentadoria deverá levar estas cidades a uma busca por alternativas de diversificação da economia. O fenômeno da dependência da renda de aposentados é mais forte no Nordeste, por fatores socioeconômicos, e no Sul, onde o envelhecimento da população é maior. Mas também afeta os dois estados mais ricos, São Paulo e Rio de Janeiro.

*** Por Daiane Costa e Henrique Gomes Batista/O Globo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário