Pelo menos uma vez por
ano aparece no mercado da beleza uma matéria-prima considerada "a sensação
do momento"; o óleo
de argan e a manteiga
de karité que o digam. Especialmente após o boom
de cosméticos com bases naturais, em 2019 os bons
ventos trazem agora uma árvore encontrada na Amazônia e nos Andes: o cacay.
Conhecido
internacionalmente como taccy nut, o cacay é uma árvore de copa volumosa. Sua
semente vira óleo por meio de um sistema de
prensagem a frio e fermentação, tornando-se então o
desejado e raro elixir para
fins cosméticos. Seus principais benefícios são a
propriedade antioxidante e a capacidade de diminuir
o frizz do cabelo.
"O óleo tem alta
concentração de ácido linoleico. Essa substância é um ácido graxo essencial com
ação
antioxidante e anti-inflamatória. Ele também tem
muito retinol (também
conhecido como Vitamina A), que tem excelentes propriedades
regenerativas para a pele", diz a farmacêutica especialista em ativos
Claudia Coral.
Benefícios
para a pele.
O cacay melhora
a textura e firmeza da pele, ameniza os sinais de
envelhecimento e previne o surgimento de estrias. "Ele tem sensorial muito
agradável, com boa espalhabilidade e rápida absorção", afirma a engenheira
química e cosmetóloga Sonia Corazza, consultora técnica da Goldwell.
Peles
mais ressecadas e maduras são as que mais se beneficiam de
óleos como esse. "Os testes dermatológicos mostram atividade na melhora do
relevo cutâneo, portanto, essa ação antissinais é muito bem-vinda em produtos
para cuidados
faciais anti-idade", completa. Só não é muito
indicado para pessoas
com pele extremamente oleosa, pois pode pesar.
Nos
cabelos.
O óleo de cacay é um
bom aliado contra
os fios rebeldes. "Ideal para cabelos secos ou
ressecados, ajuda na reposição lipídica e também dá conforto ao couro cabeludo
sensibilizado por tratamentos químicos. Age também como protetor térmico no uso
de secadores e chapinhas", diz Sonia. Como os cabelos cacheados e crespos
precisam de muita emoliência, o óleo de cacay e seus derivados são ótimos para
deixar as mechas mais nutridas e definidas.
Nada
de milagre.
Para os especialistas,
o óleo de cacay é bom, mas há outros tão bons quanto: "Este é um ativo
cosmético de qualidade, porém não podemos esquecer que encontramos outras
opções no Brasil com efeitos semelhantes e maior eficácia, como o complexo
lipídico da aveia", comenta Claudia Coral.
Óleo
peruano.
Colocar no marketing do
produto que ele é amazônico causa frisson, especialmente fora do Brasil. Mas
para o uso da indústria cosmética, o cacay ainda é pouco acessível. Isso
explica sua ainda baixa popularidade por aqui. "No Brasil existe o Sistema
Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional
Associado, que assegura a proteção de nossas riquezas naturais. Este sistema
complexo consiste no cadastramento dos ingredientes da flora brasileira e,
quando os ativos são utilizados, acontece a cobrança de impostos consideráveis,
o que faz com que empresas nacionais e internacionais apresentem certa
resistência. Quando o óleo de cacay é obtido da Amazônia peruana, ele não se
enquadra na lei brasileira. Todo esse trâmite nacional dificulta então a
popularização de alguns ingredientes, entre eles o óleo de cacay
brasileiro", finaliza Claudia.
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