Um dos maiores obstáculos para a implementação de programas de educação sexual
em escolas ou comunidades, além da tradicional falta de recursos, é o receio de
que abordar o tema sirva de incentivo para o sexo. Um estudo publicado esta
semana reforça que isso não acontece. Na verdade, o trabalho publicado no
periódico Jama Pediatrics, revela que intervenções voltadas para
saúde sexual na adolescência podem até aumentar a abstinência, além de
estimular o uso da camisinha.
A pesquisa analisou 29 estudos, que envolveram, ao todo, 11.918
adolescentes negros norte-americanos com idade média de 12,5 anos. Essa
população foi foco da equipe porque é mais afetada pelo risco de gravidez
indesejada e infecções sexualmente transmissíveis (IST), nos EUA e em diversos
outros países. Isso acontece devido ao racismo e à discriminação, bem como pela
falta de acesso aos serviços de saúde.
Os autores do trabalho, da Universidade da Carolina do Norte, concluíram
que os programas de educação sexual, seja na escola, centros comunitários ou
clínicas, são uma ferramenta importante para lidar com essa desigualdade.
As intervenções estudadas foram variadas, e apenas uma delas era voltada
para a abstinência. A maioria incluía o treino de habilidades como o uso
correto da camisinha e conversas com o parceiro para negociar o uso de
proteção. Uma parte menor dos programas envolvia também os pais dos
adolescentes.
A maioria dos experimentos incluía acompanhamento por pelo menos 12
meses, por isso foi possível observar uma relação entre as intervenções e
melhores resultados relativos a abstinência, número de parceiros sexuais, uso
de camisinha, conhecimento sobre saúde sexual e maior intenção de se cuidar
nesse sentido.
A equipe tentou averiguar o impacto nas taxas de ISTs e gravidez
indesejada, mas apenas quatro dos 29 estudos traziam esse tipo de resultado, por
isso não foi possível obter uma conclusão confiável.
Vale acrescentar que esses programas devem ir muito além dos aspectos
biológicos, já que a sexualidade é muito mais abrangente do que isso. É preciso
discutir questões como afeto, comunicação, segurança digital e outras questões
contemporâneas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário