FONTE: Carmen Vasconcelos (carmen.vasconcelos@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.
Pesquisa do
IBGE revela o impacto de maus hábitos na saúde dos baianos e soteropolitanos.
Cerca de 73 mil pessoas na capital baiana substituem refeições
por sanduíches, pizzas e salgados. Desse total, 39 mil realizam estas
substituições regularmente. A Bahia é o maior estado em consumo de bebida
alcoólica no Nordeste e o primeiro do país em maiores de 18 anos que assumem
fazer consumo abusivo do álcool.
Os soteropolitanos também estão entre os maiores
consumidores de sal em excesso e onde cerca de 42% da população é
sedentária.
Os comportamentos de riscos assumidos pela população
foram divulgados na quarta-feira (10), durante o lançamento dos resultados da
primeira edição da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da
Saúde(MS).
A iniciativa é pioneira na área de saúde, em território
nacional, a coletar amostras de sangue e de urina da população entrevistada,
fato que confere mais precisão aos resultados.
A coleta foi feita no segundo semestre de 2013 e foram
visitadas 81.767 casas em todos os estados, entre as quais 62.986 aceitaram
responder ao questionário. Aliado a isso, todos os entrevistados tiveram peso,
altura, circunferência da cintura e pressão arterial medidos.
Segundo o representante da Coordenação de Disseminação de
Informações do IBGE na Bahia, Joilson Souza, o levantamento permitirá a criação
de políticas públicas de saúde que possam colaborar para a melhoria da
qualidade de vida da população.
“O estudo, por exemplo, traz o dado preocupante dos
jovens, maiores de 18 anos, que afirmam fazer consumo abusivo de álcool e isso é
um sinal de alerta para a sociedade como um todo”, diz Joilson, pontuando que
se a Bahia preocupa em relação aos efeitos do álcool, os estados do
Sudeste chamaram atenção para a prevalência de problemas crônicos de saúde,
como a hipertensão, câncer, diabetes e depressão.
Quando questionado sobre o comportamento marcadamente
feminino de substituir refeições e estar mais sedentária, o representante do
IBGE ressalta o fato da questão ser uma característica das grandes cidades,
onde a maioria da população é feminina, está no mercado de trabalho e encontra
na inconveniência de retornar para casa um dos principais fatores para uma
alimentação equivocada.
Mistura perigosa.
Para o cardiologista Luciano Mello, da Clínica Serviços
Integrados em Medicina, os dados do IBGE chamam atenção para a necessidade de
desenvolvimento de um amplo programa de educação para saúde, especialmente para
as mulheres.
“Sabemos que as mudanças de hábitos são sempre um
desafio, especialmente na população adulta, por isso se faz necessário
sensibilizar os mais velhos e educar as crianças”, defende o cardiologista.
Mello pontua que a mudança de hábito registrada pela
pesquisa tem um impacto direto no cotidiano das pessoas. “Hoje, por exemplo,
verificamos o surgimento de doenças coronarianas em mulheres cada vez mais
jovens, antes mesmo do evento da menopausa”, pontua o médico.
Ele ressalta que o sedentarismo em quase metade da
população, especialmente a feminina, deixa esse público com cem vezes mais
chances de sofrer um infarto do miocárdio. “Hoje, 33% das mortes que acontecem
em todo o país estão relacionadas aos problemas cardiovasculares, por isso, é
urgente que as pessoas se sensibilizem para mudança dos hábitos de risco”,
alerta.
Não bastasse isso, o médico lembra que a população sedentária
amplia as chances de inúmeras doenças, chamadas de comorbidades, como a
obesidade, hipertensão, síndrome metabólica, diabetes e as doenças
osteoarticulares.
“Na verdade, os fatores apontados na pesquisa como a
alimentação desequilibrada, o consumo excessivo de sal e álcool, quando
combinados, formam uma equação explosiva para a saúde pública”, enfatiza o
especialista.
O educador físico Julião Castello observa que a atividade
física regular e orientada não só serve como prevenção para os fatores de
risco destacados pela pesquisa, mas também garante qualidade de vida para o
indivíduo, permitindo que outros problemas como a ansiedade, depressão e até
mesmo a osteoporose, comum em pessoas obesas e sedentárias, não se
instalem.
“É a atividade que vai regular o funcionamento do
corpo”, diz ele, ressaltando que, em muitos casos, a prática de exercícios pode
corrigir os problemas de saúde sem a necessidade de sobrecarregar o organismo
com medicamentos.
A nutricionista e professora da Unime Graziela Brandão
finaliza destacando que os problemas advindos desses maus hábitos são
absolutamente preveníveis.
Instituto de Saúde Coletiva realiza ações para cuidar do
pé diabético.
No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas estão com
diabetes e sofrem com as repercussões e agravamento do chamado pé diabético,
que consiste nas alterações provocadas pela doença nessa parte do corpo. Na
Bahia, 8% da população é portadora da doença.
Para ampliar o trabalho de prevenção e cuidados com o pé
diabético, um grupo de pesquisadores do Instituto de Saúde Coletiva, unidade da
Universidade Federal da Bahia, desenvolve um projeto de assistência específico
para esse público na Unidade de Saúde da Família, em Santa Mônica.
O coordenador do projeto, o sociólogo e doutor em Saúde
Coletiva Marcelo Castellanos, ressalta que a meta do grupo é realizar a
prevenção e o manejo do pé diabético no distrito sanitário da Liberdade.
O cirurgião vascular do Hospital Universitário Edgard
Santos Cícero Fidelis diz que o problema ainda é desconhecido por parte do
público portador da doença.
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