Especialista
sugere exercícios para ajudar pais e professores na tarefa de acalmar os
pequenos.
Concentração,
socialização e autocontrole. Que pais não almejam ver essas características nos
filhos? Que professores não desejam ter alunos assim? É comum, no entanto, as
crianças sofrerem com falta de foco, dificuldades de relacionamento e de
linguagem. Esses problemas podem ter uma raiz comum: a ansiedade.
Os pais devem ficar
especialmente atentos se a criança não dorme bem, não consegue terminar as
atividades ou se dispersa com facilidade, e começa a ter resultados
insatisfatórios na escola. Segundo a fonoaudióloga Vera Mattos, mestre em
Psicologia, é possível ajudar as crianças a regular essa inquietação por meio
de atividades direcionadas.
— Regular a ansiedade é
mais do que controlar. É algo que parte das crianças, e a conquista é delas.
Quando se fala em controlar, caracteriza um interesse dos outros. Logo, os
exercícios sugeridos estimulam os resultados a longo prazo, e a própria criança
pode internalizá-los como fundamentais — explica a especialista.
Vera, fundadora do
espaço Móbile, contou com a ajuda da equipe, que reúne psicólogos,
fonoaudiólogos, fisioterapeutas, professores de educação física e pedagogos,
para elaborar o livro “Desenvolvimento infantil - 130 ideias para estimular
brincando”, que será lançado este mês. Confira dez atividades selecionadas por
ela para ajudar as crianças a lidar com a ansiedade:
1) Amassadinho com
carinho.
Ponha a criança deitada
em um colchonete ou edredom e, delicadamente, “amasse” com outro colchonete por
cima (ou a dobra do edredom). Sentir o corpo envolvido vai deixá-la segura para
receber o toque do outro. A atividade pode ser feita a partir dos 2 anos de
idade, e tem como objetivos o relaxamento, o cuidado com o outro e o controle do
medo e da ansiedade.
2) Psicoeducação e
regulação emocional.
Essa atividade deve ser
feita face a face ou em uma mesa com crianças a partir dos 4 anos,
individualmente ou com grupos de até cinco. Separe fotos da internet de
crianças com diferentes expressões (tristeza, alegria, medo, nojo e raiva) e
plastifique-as. Mostre as imagens uma a uma, incentivando a criança a falar
sobre a emoção que aparece. Primeiro, deve-se identificar qual emoção que a
imagem demonstra. Depois, questioná-la o que a faz sentir tal emoção. Qual foi
a última vez que ela se sentiu assim. É uma forma de fazê-la olhar para o outro
e se reconhecer em cada uma das emoções, o que traz um sentimento de
humanidade. A troca desenvolve linguagem, cognição, memória afetivo-emocional e
socialização.
3) Respira, esfrega e
sopra.
Pode ser desenvolvida a
partir dos 4 anos. Sente-se face a face com a criança e coloque um pouco de gel
nas mãos dela. Em seguida, peça que ela esfregue as mãos e depois sopre-as. A
respiração vai acalmar a criança e fazê-la tomar consciência da sensação do
gel.
Para que a atividade
seja feita em grupo, organize as crianças em pares e ponha o gel nas mãos de um
dos integrantes de cada dupla. Peça para que esfreguem suas mãos nas do outro
colega. Essa atividade desenvolve atenção, socialização, respiração e
percepção.
4) E a bola rola.
Solicite que a criança
a partir dos 3 anos desenrole um tapete no chão. Peça para que ela se deite no
tapete de uma maneira confortável e ponha uma música suave para tocar com uma
luz ambiente. Em seguida, faça massagem nela dos pés ao tórax usando uma bola
grande. A massagem desenvolve atenção e esquema corporal.
5) Tomando consciência
do ar.
Você vai precisar de
uma flor artificial ou natural, uma vela de aniversário e música relaxante. Ponha
a criança a partir de 3 anos sentada de frente para você. Em seguida, mostre a
ela como o exercício deve ser feito: primeiro deve-se cheirar a flor e depois
soprar a vela bem devagar. Na vez da criança, peça para que ela repita esse
processo no mínimo quatro vezes. Essa atividade voltada para a respiração
tranquiliza e estimula a atenção e a imitação.
6) Desenvolvendo a
empatia.
Esse exercício vai
incentivar a criança a reconhecer o desempenho do colega, e pode ser feita a
partir dos 2 anos. Estimule-a a fazer elogios ao outros: parabéns, muito bem, o
seu desenho está bonito, está lindo, arrasou, maravilhoso, excelente, você é
tão criativo, você é extraordinário, você é muito esperto, incrível etc. A
tarefa vai desenvolver linguagem, habilidades sociais, empatia e socialização.
Além disso, ser elogiado, elogiar e ver sua produção reconhecida como algo de
valor por outra pessoa reforçam a autoestima e a autoconfiança.
7) Atenção plena.
Esse exercício pode ser
feito com crianças a partir dos 3 anos e é especialmente indicado na hora de
dormir. Peça para a criança se sentar em um tapete ou na cama com um bichinho
de pelúcia e apresentá-lo. Depois, deitar-se no tapete com o seu bichinho na
barriga. O adulto deve colocar uma música ambiente e iniciar as instruções de
respiração em tom adequado para o relaxamento. O pequeno deve perceber como o
brinquedo sobe e desce na barriga, com os movimentos. Se o exercício for feito
em grupo, os colegas podem trocar as pelúcias entre si. A atividade pode
iniciar com cinco minutos e, à medida que a criança for se adaptando, pode-se
aumentar o tempo. Desenvolve foco, atenção, concentração, respiração,
linguagem, socialização e autocontrole.
8) Cantinho da paz.
Construa com a criança
um lugarzinho no quarto que seja agradável, com almofadas, cobertores e os
brinquedos favoritos dela. Ideal para os pequenos com 3 ou 4 anos. Nos momentos
de angústia, ele pode ser acompanhado até seu cantinho da paz, que pode também
ser usado por outros membros da família. A proposta é buscar a regulação
emocional e o autocontrole.
9) Tapete mágico.
Nessa atividade a
criança a partir de 1 ano se senta em uma ponta do tecido e o adulto puxa a
outra, arrastando o “tapete mágico” pela sala. O passeio no lençol permite que
ela relaxe seu corpo e se deixe levar pela força e condução do outro,
construindo confiança. Trabalha equilíbrio, tônus postural e relaxamento.
10) Com a mão na massa.
A partir de 1 ano a
criança a criança já pode ser convidada a experimentar as etapas de produção da
massinha, percebendo as texturas e observando as transformações a partir das
misturas. Para fazer a massinha, você vai precisar de uma xícara de sal, quatro
xícaras de farinha de trigo, uma xícara e meia de água, três colheres de sopa
de óleo, corante alimentício e, se quiser, um aromatizante. A massinha permite
à criança construir coisas, mas também destruir e assim externar possíveis
tensões. O fato de confeccionar a própria massinha também desperta interesse e
motivação nos pequenos. Trabalha livre expressão, motricidade fina, estímulo
sensório motor e alívio de tensão.
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