As caminhadas diárias são feitas
com o maior afinco ou você é uma assídua frequentadora da academia, mas os
resultados (de emagrecimento, resistência ou qualquer outro objetivo) não são
satisfatórios. Isso é bem comum entre quem se exercita por conta própria – ou
seja, sem acompanhamento médico tanto para definir constância e intensidade das
atividades físicas quanto para falar sobre a relação delas com a alimentação –
e, muitas vezes, acaba até gerando um certo desânimo para continuar.
Se você acaba de ler a
história da sua vida com os exercícios físicos, vale uma reflexão: você já
notou se anda comendo muito (e mal) quando acaba sua?
Não está só quem
responde que sim. Um estudo feito por pesquisadores do Pennington Biomedical
Research Center de Baton Rouge, na Louisiana (EUA), e publicado pelo American
Journal of Clinical Nutrition indicou que é um comportamento comum, quando não
há acompanhamento médico, exagerar na comida depois de se exercitar e ficar
frustrado por não alcançar seus objetivos.
Foi assim: 171
voluntários homens e mulheres foram divididos em dois grupos – um em que os
participantes malhavam e seguiam suas rotinas, comendo livremente, e outro em
que havia orientação nutricional para o pós-treino. Depois de seis meses, o
pessoal do primeiro grupo apresentou resultados insatisfatórios, enquanto no
segundo grupo eles foram alcançados.
Mas por que será que
quem come livremente e nem pensa em seguir orientações de médicos tende a
exagerar na dose depois dos exercícios? Conversamos com a psicóloga Kênia
Monteiro, mestranda em comportamento alimentar adulto, para entender melhor
isso.
Efeito compensação.
Pode colocar a culpa na
dinâmica do dia a dia. “As pessoas se esforçam muito no trabalho ou nos
estudos, ficam acabadas, e muitas vezes não sentem seu valor reconhecido. Bate
uma frustração e elas decidem, então, se dar os devidos reconhecimentos”,
começa a psicóloga, que explica que o “efeito compensação” se manifesta de
diversas formas.
“Está na compra
desenfreada de coisinhas nem sempre necessárias, com a desculpa de ‘Trabalho
demais e mereço gastar dinheiro comigo’. No caso de quem malha, a compensação
pelo esforço feito vem em forma de comida. Aí entram doces, milk-shakes,
pizzas, frituras e tudo que seja gorduroso e calórico, alimentos que trazem
prazer e saciedade imediatos. ‘Malhei por duas horas, eu mereço dois pedaços de
pizza e três paçocas’ é um pensamento comum, mas que pode prejudicar não só os
resultados, como também a saúde”, pontua Kênia.
A nutricionista clínica
Marli Assis coloca esse prejuízo à saúde em termos mais claros: “A gordura
saturada do óleo de frituras, os carboidratos à base de farinha branca e os
açúcares refinados são os maiores vilões contra o emagrecimento e o bem-estar.
Entre outros males, baixam a imunidade, prejudicam a saúde do coração,
interferem negativamente no colesterol e no controle glicêmico [quantidade de
açúcar no sangue]”.
Ela confirma que, sim,
são alimentos que trazem satisfação rapidamente, mas não devem ser consumidos
com frequência e muito menos por quem pretende melhorar a qualidade de vida por
meio de exercícios físicos. “Não se trata de demonizar a comida, mas de fazer
as escolhas adequadas. É necessário repor as energias, mas não com torta doce e
refrigerante. Qual é o sentido de malhar e em seguida consumir alimentos que
façam mal à saúde?”, questiona.
O que colocar no prato
e no copo depois da atividade física?
Muito bem, agora você
já sabe o que é melhor evitar depois de se exercitar. Mas o que deve comer,
então? O endocrinologista Francisco Tostes, sócio da Clínica Nutrindo Ideais e
especialista em emagrecimento, atividade física e medicina do esporte, dá a
dica:
“É muito importante
repor os carboidratos, para que os músculos se recuperem do exercício. Boas
opções são frutas, iogurte e inhame. Associar a eles fibras de cereais como a
aveia é uma estratégia interessante.”
A nutricionista Marli
Assis ressalta a importância da hidratação.
“Beber bastante água é essencial. Recomenda-se a ingestão de dois litros de
água por dia para todas as pessoas; quem faz atividade física deve acrescentar
a essa medida um copo de 250 ml para cada hora de exercício”, ensina. “Frutas
aquosas, como laranja, melancia e melão, também têm um papel importante na
hidratação e entram com fibras, que de quebra auxiliam no funcionamento do
intestino”, complementa.
Então é isso: aquele
iogurte com cereais (naturais, sem açúcar, por favor) acompanhado de água e
frutas é sua melhor dieta pós-treino.
De olhos em outros
aspectos da saúde.
Vale destacar que a
dificuldade para perder peso, definir massa muscular ou melhorar aspectos de
saúde como a resistência pode estar associada a algum distúrbio hormonal. São
aqueles casos em que a pessoa faz tudo como manda o figurino tanto na atividade
física quanto na dieta, mas os resultados não se manifestam.
Aí é necessário procurar
a ajuda de um médico endocrinologista, que analisará as condições gerais do
organismo por meio de exames clínicos e pela observação em consulta. Com base
nisso, conseguirá apontar tratamentos que precisem ser feitos e também definir
a dieta ideal para a paciente.
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