Se você faz exercícios
e busca maneiras de melhorar o desempenho no treino, provavelmente já deve ter
visto nas redes sociais "influenciadores" e outros praticantes de
atividades físicas dizendo que tomam glutamina para aumentar a imunidade, a
recuperação muscular e, consequentemente, os resultados no esporte.
Realmente, a substância
é um aminoácido importante, envolvido em diversas funções fisiológicas, como a
manutenção da massa muscular, a produção de novas células e o equilíbrio no pH
do organismo, além de ser fonte de energia das células do sistema imunológico.
Porém, a substância é naturalmente produzida pelo organismo. Então, será que
vale mesmo a pena investir no suplemento para turbinar o desempenho físico e a
saúde?
A resposta é não quando
falamos de pessoas saudáveis, de acordo com diversos trabalhos científicos,
incluindo uma revisão
de estudos recentemente publicada no European Journal of
Clinical Nutrition and Metabolism, que analisou 47 pesquisas sobre o tema.
Glutamina
não melhora a performance e a imunidade.
O estudo verificou os
impactos da suplementação de glutamina no desempenho atlético. Para isso, foram
avaliados fatores como a síntese de proteína (essencial para a recuperação e
construção muscular), o efeito anticatabólico, (que protegeria contra a degradação
de tecidos), a performance aeróbica e a liberação do GH (hormônio do
crescimento, que ajuda no ganho massa magra). E o resultado mostrou que
consumir a substância não traz ganho algum nesses quesitos.
O trabalho ainda
conferiu os efeitos do suplemento no sistema imunológico por meio de análises
das células imunes, assim como o número de infecções que os participantes das
pesquisas tiveram. E, mais uma vez, não houve efeito positivo da suplementação
de glutamina para a prevenção de doenças.
Por
que a suplementação não apresenta resultados?
Se a glutamina é um
aminoácido que exerce papéis tão importantes no organismo, por qual razão sua
suplementação não traz ganhos? A resposta é o fato de a substância estar em
abundância no organismo e ser um aminoácido não essencial --ou seja, um tipo
que não depende totalmente da alimentação para ser produzido.
O corpo sintetiza
("fabrica") sozinho cerca de 80% da substância e os outros 20% vêm
facilmente da alimentação, por meio de proteínas animais, como ovos, carnes e
leite. Portanto, uma pessoa saudável e que segue uma alimentação equilibrada já
possui nível adequado da substância no organismo e não existe necessidade
alguma de tomar o suplemento --mesmo se praticar exercícios intensos e/ou de
longa duração.
Segundo pesquisas, a
produção do aminoácido só não é suficiente e consumir o suplemento faz sentindo
em casos em que o corpo sofre um estresse muito grande, gerando um alto gasto
energético e o desgaste de tecidos, como acontece em quadros de câncer, em
pacientes HIV positivo, que passaram por grandes cirurgias ou que sofreram
queimaduras graves.
*** Fontes: Bruno
Fischer, nutricionista esportivo especialista em fisiologia do exercício,
mestre em educação física pela UnB (Universidade de Brasília), pesquisador do
Gease (Grupo de Estudos Avançados em Saúde e Exercícios) e professor do
Instituto Valorize; Matheus Meneguzzi Brambilla, nutricionista pela USP
(Universidade de São Paulo) e especialista em nutrição esportiva pela Unesp
(Universidade Estadual de São Paulo).
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