Uma mãe do Estado americano de
Michigan foi condenada a sete dias de prisão depois de ter se recusado a
cumprir uma ordem judicial para vacinar o filho.
Rebecca Bredown não queria que o
menino, de nove anos, recebesse imunização, apesar de já ter concordado com o
procedimento com o pai da criança, de quem é divorciada.
Agora, seu ex-marido recebeu a guarda
temporária do filho para vaciná-lo.
A lei de Michigan permite que pais
não vacinem ou atrasem a vacinação dos filhos por crenças pessoais. O assunto
tem causado polêmica; na Europa e nos Estados Unidos têm havido cada vez mais
relatos de pais que optam por não vacinar seus filhos.
Mas Bredow acabou punida porque
descumpriu a ordem judicial emitida após um acordo feito com o pai do menino.
Ela, que também é mãe de outra
criança, foi condenada na quarta-feira por desrespeitar a Justiça.
Na semana passada, um juiz havia
determinado que Bredow vacinasse seu filho, mas ela descumpriu a ordem
judicial.
Após o nascimento do filho, ela e o
ex-marido decidiram que espaçariam e atrasariam as vacinas da criança.
O casal se separou em 2008, segundo a
rede de TV americana ABC News, mas eles compartilharam a guarda do filho. O pai
queria que o menino fosse vacinado.
A juíza responsável pelo caso, Karen
McDonald, disse que, embora Bredow fosse a principal responsável pela criança,
"o pai tem direito a uma opinião no assunto".
Durante seu julgamento, ela disse que
imunizar seu filho "vai contra as minhas crenças" e que se tratava de
uma "questão de escolha" e de poder tomar decisões pela saúde de seu
filho.
"Eu prefiro ficar atrás das
grades defendendo o que acredito, do que aceitar o que eu fortemente não
acredito", acrescentou Bredow.
Defensores da antivacinação - cujos
argumentos vêm sendo largamente desmentidos pela comunidade médica - temem que
o procedimento possa prejudicar as crianças, podendo ser a causa do autismo.
Muitos também citam razões religiosas.
As taxas de imunização de crianças em
Michigan estão entre as mais baixas dos Estados Unidos. O Estado ocupa a 43ª
posição no ranking de vacinação de crianças dos 50 Estados americanos, segundo
o site local de notícias Mlive.
Barbara Loe Fisher, presidente da ONG
National Vaccine Information Center, afirmou à BBC que essa não é a primeira
vez que um pai é preso por se recusar a vacinar uma criança.
Diferentemente do Brasil, o governo
federal dos Estados Unidos não legisla sobre a imunização de crianças, e se
restringe a emitir recomendações. Cabe aos Estados e às escolas criar regras
específicas.
Se um pai não cumprir com as
diretrizes de vacinação da escola, a criança não pode frequentar aulas e os
responsáveis podem ser presos acusados de evasão escolar.
Por essa razão, muitos pais que
defendem a antivacinação escolhem ensinar seus filhos em casa, explica Fisher à
BBC.
Brasil.
No Brasil, o movimento antivacinação
também vem crescendo e seria um dos fatores que explicaria a queda de cobertura
vacinal da população.
No ano passado, a taxa de imunização
foi a pior dos últimos 12 anos: 84% no total, contra meta de 95%, recomendada
pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os dados de 2016 são parciais até
outubro, mas emitidos após a campanha nacional de multivacinação, finalizada em
setembro.
O Brasil é reconhecido
internacionalmente por seu amplo programa de imunização, que disponibiliza
vacinas gratuitamente à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Criado em 1973, o Programa Nacional de Imunização (PNI) teve início com quatro
tipos de vacina e hoje oferece 27 à população, sem qualquer custo. Nem mesmo a
crise econômica afeta o bilionário orçamento da iniciativa, estimado em R$ 3,9
bilhões para 2017.
Por lei, a vacinação do
calendário-básico, definida pelo Ministério da Saúde, é obrigatória, exceto em
casos de apresentação de atestado Médico de contraindicação.
Neste sentido, pais que deixem de
vacinar os filhos estariam cometendo infrações contra a saúde pública.
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