Segundo
o levantamento, foram registrados 6,9 mil casos de câncer de pulmão em 2016.
Os casos de câncer de
pulmão no Brasil só são identificados em estágio avançado em 86,2% dos
pacientes. O número foi divulgado, hoje (1º), pela organização não
governamental Instituto Oncoguia, a partir dos Registros Hospitalares de Câncer
(RHC) do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Segundo o levantamento,
foram registrados 6,9 mil casos de câncer de pulmão em 2016. Porém, a
estimativa é de que a maior parte dos novos pacientes com a doença não tenha
ainda diagnóstico, o que eleva para 28 mil os casos de câncer de pulmão.
O diagnóstico tardio,
com a doença em estágio avançado, diminui a expectativa de vida do paciente. No
caso dos tumores identificados no estágio inicial, a chance do paciente morrer
nos próximos cinco anos é de 64%. Caso o tumor só seja encontrado no terceiro
estágio, a probabilidade de morte em cinco anos sobe para 87%, e no quarto ano,
chega a 90%.
O problema do
diagnóstico tardio é ainda pior em algumas partes do país. Os casos de câncer
de pulmão diagnosticados somente em estágio avançado chegam a 100% em Sergipe e
a 95% no Pará, no Ceará e na Bahia. No Brasil, o câncer de pulmão é o tipo de
tumor que mais mata, apesar de ser o quarto em maior incidência.
Os números indicam
ainda que em 79,1% dos casos de câncer de pulmão há relação com o tabagismo.
Grupo de risco.
Para o cirurgião
torácico Ricardo Sales dos Santos, uma das maneiras de conseguir fazer um
diagnóstico precoce do câncer de pulmão é dar atenção ao grupo de risco de
contrair a doença. “O grupo de risco principal são as pessoas acima dos 50, 55
anos e que tenha fumado por pelo menos 30 anos um maço de cigarro por dia. Essa
exposição pesada à toxina, aos carcinógenos, levam esse grupo a ter uma chance
de ter câncer de pulmão da ordem de 30 vezes mais do que a população geral”, explicou
o médico.
Nesses casos, Santos
defende que pode-se recomendar a realização de uma tomografia mesmo que a
pessoa não apresente sintomas. “Realizar uma tomografia de baixa dose. É o
mesmo tomógrafo, só que é possível repetir essa tomografia várias vezes, porque
se o paciente tem um achado suspeito, ele precisa ser acompanhado. Não precisa
ser exposto à radiação em altas doses”.
“Esse câncer descoberto
pela tomografia não sintomático, nos estágios iniciais, a cirurgia é curativa.
Enquanto os pacientes que desenvolvem sintomas geralmente têm o câncer na fase
avançada”, acrescentou o especialista sobre a importância de encontrar os
tumores ainda nos primeiros estágios de desenvolvimento.
A presidente do
Oncoguia, Luciana Holtz, lembra da necessidade de combater o hábito de fumar.
“Mais e mais campanhas antitabagistas”, enfatizou. Para ela, é fundamental
ainda ajudar quem quer largar o tabaco. “Cuidar desse tabagista, realmente
oferecer um cuidado maior, multidisciplinar, para ele. A gente sabe que parar de
fumar é muito difícil”.
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