quinta-feira, 1 de agosto de 2019

COMUM DEPOIS DOS 50 ANOS, PÊNIS TORTO ATRAPALHA SEXO, MAS TEM SOLUÇÃO...


FONTE: Christiane Ferreira, Colaboração para Universa, https://www.uol.com.br

Aos 65 anos o psicanalista Marcos***, hoje com 67 anos, percebeu uma curvatura no pênis, que foi se acentuando com o passar do tempo. Sem saber o que fazer e sem coragem de contar para algum amigo, foi procurar ajuda, até que encontrou um médico especialista no assunto.

Na época, após a prescrição de vitaminas, pomadas e um tratamento de seis meses, Marcos não viu melhora e o problema se agravava. A curvatura do seu pênis era para cima e, além disso, o membro começou a diminuir de tamanho.

"Para algumas posições sexuais atrapalhava e não era confortável para mim. No entanto, minha companheira sempre foi bastante compreensiva", ele contou. Procurou um segundo médico e, após um ultrassom, foi recomendada a cirurgia e a colocação de uma prótese.

Após dois meses da intervenção, Marcos*** viu sua vida sexual renascer. Ele conta que a sua primeira relação sexual após o tratamento foi inesquecível. "Não tive como conter a felicidade. Nós homens temos muita vergonha e medo de procurar ajuda. Nos escondemos numa caverna, diferentemente das mulheres que buscam ajuda e conversam com suas amigas. Hoje vejo que poderia ter abreviado meu sofrimento", afirma. Sobre a prótese, o psicanalista conta que leva uma vida normal e que isso nunca atrapalhou as suas atividades rotineiras.

O caso dele não é isolado. A partir dos 50 anos, os homens podem apresentar uma curvatura no pênis, que vai se acentuando com o tempo e causa uma diminuição do tamanho do membro. Chamada de Doença de Peyronie, também conhecida como Curvatura Peniana Adquirida, esse problema pode atrapalhar muito a vida de homens sexualmente ativos, pois torna o ato inviável ou traz incômodos ao homem e à mulher na relação.

Dificuldade para transar.
Embora a causa não seja totalmente conhecida, acredita-se que a Doença de Peyronie tenha relação direta com microtraumas causados na hora do sexo, gerando um processo de cicatrização anormal. "A patologia inicia-se habitualmente com uma fase aguda, em que o homem sente dor local associada ao surgimento de uma área endurecida na estrutura interna do pênis ('calo'). Por questões anatômicas, as curvaturas dorsais (para cima) são as que permitem maior possibilidade em conseguir penetração aceitável ao casal. Já as mais acentuadas podem dificultar a penetração e gerar dor e desconforto no homem ou na mulher", afirma o urologista André Matos de Oliveira, professor em Urologia na PUC de Curitiba (PR).

O andrologista Lister Salgueiro afirma que o problema ocorre com mais frequência em homens maduros. Porém pode acontecer em jovens, caso ocorra uma fratura peniana, por exemplo. "Algumas vezes a curvatura fica muito acentuada, como um 'L' ou como um 'parafuso'", explica o especialista.
Outro problema que deixa o pênis torto é a curvatura congênita, quando há um problema desde a formação. Geralmente, a solução é a cirurgia, caso a curvatura cause transtorno na penetração ou escape com facilidade.

Tratamentos promovem retomada da vida sexual.
O andrologista e urologista Paulo Egydio afirma que no caso da Doença de Peyronie, o tratamento clínico pode ser feito por meio de medicamentos orais, em gel, pomadas ou injetáveis, que aumentam a circulação de sangue no pênis, tratam a inflamação e estabilizam a evolução da tortuosidade. Na segunda fase da doença, conhecida como cicatricial definitiva, a cirurgia a mais indicada.

"O tratamento vai muito além do processo de desentortar o pênis. Isso porque os traumas e fissuras trazem mais consequências do que apenas o aumento da curvatura. Além de alongar e igualar os dois lados do pênis para ficarem com a mesma elasticidade quando ereto, é necessário recuperar o membro até o limite possível e fazer uma reconstrução para oferecer a largura e a firmeza necessárias para a penetração", afirma o médico, que desenvolveu a Técnica Egydio, reconhecida pela American Urological Association (AUA). O método baseia-se em princípios geométricos para alongar e recuperar o maior tamanho e diâmetro possível do pênis, até o limite máximo dos nervos, vasos e uretra. "É raro o homem lidar bem com a diminuição do pênis, e recuperá-lo é tão importante quanto tratar a doença", afirma Egydio.

Como a curvatura peniana pode atrapalhar a vida sexual.

Dificuldade na penetração.
A penetração deve acontecer de forma fluida e sem dores. Se o homem percebe que o seu pênis dobra nessas horas, ou se sente dificuldade em ajustá-lo com a mão para o encaixe acontecer, é sinal de que a curvatura está acentuada. A dificuldade na penetração pode, ainda, causar desconforto nos parceiros, provocar fissuras e até quebrar o pênis, o que pode levar a situações mais graves.

Falta de firmeza para penetrar.
Muitas vezes o pênis fica ereto, mas não o suficiente para uma penetração confortável e segura. A falta de firmeza pode ser decorrente da anatomia peniana, principalmente em casos em que o homem tem o pênis longo e fino. Outras causas que provocam a falta de firmeza são problemas de disfunção erétil.

Pênis dobra ou escapa com facilidade durante o ato sexual.
Se o pênis dobra ou escapa com facilidade durante o ato sexual, é um sinal de que a tortuosidade está atrapalhando e necessita tratamento. Além do perigo para a saúde masculina, já que essa situação pode provocar traumas durante a penetração, isso ainda pode trazer grande desconforto para o homem, que precisa ficar atento à posição do pênis o tempo inteiro, além de limitar as posições sexuais e atrapalhar o movimento no ato sexual.

Dores ou desconforto no parceiro(a).
Quando a tortuosidade do pênis é leve, a penetração acontece sem problemas. Mas um sinal de que o pênis precisa de um tratamento para desentortar é quando o parceiro sente dores no momento da penetração. Isso porque, mesmo que o membro tenha firmeza suficiente e a penetração aconteça, com uma certa ajuda e a posição favorável, sua anatomia sinuosa pode gerar desconforto e dores em quem é penetrado.

Dores no pênis após o ato sexual.
Se o pênis fica dolorido após o ato sexual, isso pode ser um sinal de que ele está sendo forçado de maneira inadequada. Além do desconforto causado, afinal ninguém gosta de sentir dores, isso pode evoluir para a Doença de Peyronie.

*** O nome foi mudado a pedido do entrevistado.

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