Aos 65 anos o
psicanalista Marcos***, hoje com 67 anos,
percebeu uma curvatura no pênis, que foi se acentuando com o passar do tempo.
Sem saber o que fazer e sem coragem de contar para algum amigo, foi procurar
ajuda, até que encontrou um médico especialista no assunto.
Na época, após a
prescrição de vitaminas, pomadas e um tratamento de seis meses, Marcos não viu
melhora e o problema se agravava. A curvatura do seu pênis era para cima e,
além disso, o
membro começou a diminuir de tamanho.
"Para algumas
posições sexuais atrapalhava e não era confortável para mim. No entanto, minha
companheira sempre foi bastante compreensiva", ele
contou. Procurou um segundo médico e, após um ultrassom, foi recomendada a
cirurgia e a colocação de uma prótese.
Após dois meses da
intervenção, Marcos*** viu sua vida sexual renascer. Ele conta que a sua primeira
relação sexual após o tratamento foi inesquecível. "Não tive como conter a
felicidade. Nós homens temos muita
vergonha e medo de procurar ajuda. Nos escondemos numa
caverna, diferentemente das mulheres que buscam ajuda e conversam com suas
amigas. Hoje vejo que poderia ter abreviado meu sofrimento", afirma. Sobre
a prótese, o psicanalista conta que leva uma vida normal e que isso nunca
atrapalhou as suas atividades rotineiras.
O
caso dele não é isolado. A partir dos 50 anos, os homens
podem apresentar uma curvatura no pênis, que vai se acentuando com o tempo e
causa uma diminuição do tamanho do membro. Chamada de Doença de Peyronie,
também conhecida como Curvatura Peniana Adquirida, esse problema pode
atrapalhar muito a vida de homens sexualmente ativos, pois torna o ato inviável
ou traz
incômodos ao homem e à mulher na relação.
Dificuldade
para transar.
Embora a causa não seja
totalmente conhecida, acredita-se que a Doença de Peyronie tenha relação direta
com microtraumas causados na hora do sexo, gerando um processo de cicatrização
anormal. "A patologia inicia-se habitualmente com uma fase aguda, em que o
homem sente dor local associada ao surgimento de uma área endurecida na
estrutura interna do pênis ('calo'). Por questões anatômicas, as curvaturas
dorsais (para cima) são as que permitem maior possibilidade em conseguir
penetração aceitável
ao casal. Já as mais acentuadas podem dificultar a
penetração e gerar dor e desconforto no homem ou na mulher", afirma o
urologista André Matos de Oliveira, professor em Urologia na PUC de Curitiba
(PR).
O andrologista Lister
Salgueiro afirma que o problema ocorre com mais frequência em homens maduros.
Porém pode acontecer em jovens, caso ocorra uma fratura peniana, por exemplo.
"Algumas vezes a curvatura fica muito acentuada, como um 'L' ou como um
'parafuso'", explica o especialista.
Outro problema que
deixa o pênis torto é a curvatura congênita, quando há um problema desde a
formação. Geralmente, a solução é a cirurgia, caso a curvatura cause transtorno
na penetração ou escape com facilidade.
Tratamentos promovem
retomada da vida sexual.
O andrologista e
urologista Paulo Egydio afirma que no caso da Doença de Peyronie, o tratamento
clínico pode ser feito por meio de medicamentos orais, em gel, pomadas ou
injetáveis, que aumentam a circulação de sangue no pênis, tratam a inflamação e
estabilizam a evolução da tortuosidade. Na segunda fase da doença, conhecida
como cicatricial definitiva, a cirurgia a mais indicada.
"O tratamento vai
muito além do processo de desentortar o pênis. Isso porque os traumas e
fissuras trazem mais consequências do que apenas o aumento da curvatura. Além
de alongar e igualar os dois lados do pênis para ficarem com a mesma
elasticidade quando ereto, é necessário recuperar o membro até o limite
possível e fazer uma reconstrução para oferecer a largura e a firmeza
necessárias para a penetração", afirma o médico, que desenvolveu a Técnica
Egydio, reconhecida pela American Urological Association (AUA). O método
baseia-se em princípios geométricos para alongar e recuperar o maior tamanho e
diâmetro possível do pênis, até o limite máximo dos nervos, vasos e uretra.
"É raro o homem lidar bem com a diminuição do pênis, e recuperá-lo é tão
importante quanto tratar a doença", afirma Egydio.
Como
a curvatura peniana pode atrapalhar a vida sexual.
Dificuldade
na penetração.
A penetração deve
acontecer de forma fluida e sem dores. Se o homem percebe que o seu pênis dobra
nessas horas, ou se sente dificuldade em ajustá-lo com a mão para o encaixe
acontecer, é sinal de que a curvatura está acentuada. A dificuldade na
penetração pode, ainda, causar desconforto nos parceiros, provocar fissuras e
até quebrar o pênis, o que pode levar a situações mais graves.
Falta
de firmeza para penetrar.
Muitas vezes o pênis
fica ereto, mas não o suficiente para uma penetração confortável e segura. A
falta de firmeza pode ser decorrente da anatomia peniana, principalmente em
casos em que o homem tem o pênis longo e fino. Outras causas que provocam a
falta de firmeza são problemas de disfunção erétil.
Pênis
dobra ou escapa com facilidade durante o ato sexual.
Se o pênis dobra ou
escapa com facilidade durante o ato sexual, é um sinal de que a tortuosidade
está atrapalhando e necessita tratamento. Além do perigo para a saúde
masculina, já que essa situação pode provocar traumas durante a penetração,
isso ainda pode trazer grande desconforto para o homem, que precisa ficar
atento à posição do pênis o tempo inteiro, além de limitar as posições sexuais
e atrapalhar o movimento no ato sexual.
Dores
ou desconforto no parceiro(a).
Quando a tortuosidade
do pênis é leve, a penetração acontece sem problemas. Mas um sinal de que o
pênis precisa de um tratamento para desentortar é quando o parceiro sente dores
no momento da penetração. Isso porque, mesmo que o membro tenha firmeza
suficiente e a penetração aconteça, com uma certa ajuda e a posição favorável,
sua anatomia sinuosa pode gerar desconforto e dores em quem é penetrado.
Dores
no pênis após o ato sexual.
Se o pênis fica
dolorido após o ato sexual, isso pode ser um sinal de que ele está sendo
forçado de maneira inadequada. Além do desconforto causado, afinal ninguém
gosta de sentir dores, isso pode evoluir para a Doença de Peyronie.
***
O nome foi mudado a pedido do entrevistado.
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