Trapacear para levar
vantagem financeira é algo ligado à natureza humana ou é fruto do ambiente em
que a pessoa vive? Será que em épocas de crise econômica as pessoas são mais
propensas a trair a confiança de alguém, com a desculpa de que é preciso sobreviver?
Uma equipe de
pesquisadores da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, decidiu mergulhar
nesse assunto, e concluiu que a propensão a enganar alguém para obter dinheiro
tem mais a ver com uma inclinação interna do que com fatores externos.
Ao longo da história da
humanidade, a conduta de muitos criminosos foi atribuída às circunstâncias em
que essas pessoas foram criadas ou à falta de acesso a educação. Mas outras
pessoas acreditam que o que interessa, mesmo, é o caráter.
Para testar as
hipóteses, os pesquisadores escolheram uma comunidade remota na Guatemala para
realizar um experimento. Os moradores daquele local dependem exclusivamente da
produção de café para sua subsistência. Durante a colheita, há abundância. Mas,
durante cerca de sete meses do ano, a comunidade convive com a escassez de
recursos.
Os participantes foram
convidados a participar de um jogo com dados em que havia a possibilidade de
mentir para receber mais dinheiro. Eles foram informados de que não seriam
punidos caso decidissem mentir, já que aquilo era apenas um teste. O
experimento foi realizado durante a fase de colheita e, depois, repetido na
época de vacas magras.
A tendência a trapacear
ou não permaneceu exatamente a mesma em ambos os períodos. Os participantes
ainda tiveram a opção de mentir para beneficiar alguém do mesmo grupo, e a
tendência foi semelhante – cerca de metade dos participantes foram desonestos
nas duas fases.
Os participantes também
jogaram com um grupo externo, e, então, podiam mentir em relação aos dados para
beneficiar um estranho. Na época de abundância, a tendência foi não trapacear.
Já na época de escassez, alguns sujeitos mentiram para beneficiar o
desconhecido. Em outras palavras, quando as pessoas ficam mais pobres, tendem a
ser mais generosas.
Como em nenhum momento
a escassez interferiu na propensão a mentir em benefício próprio, os
pesquisadores concluíram que questões internas contam mais do que o ambiente
econômico. Os autores dizem que experimentos semelhantes foram realizados em 23
outros países, com resultados parecidos. Mas é bom lembrar que a pesquisa
envolve simulações, e não situações reais, do dia a dia.
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